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Audiência pública expõe revolta com a Corsan e cobra soluções para a falta de água em Encantado

A longa sequência de dias sem água, as contas elevadas e a frustração com o atendimento da Corsan Aegea foram o centro da audiência pública convocada pelo Ministério Público, realizada na sexta-feira (17), no Fórum de Encantado. Conduzido pelo promotor Heráclito Mota Barreto Neto, o encontro reuniu representantes da concessionária, da Agergs, do Executivo, Legislativo e moradores de diversos bairros. “A audiência pública só faz sentido se resultar em soluções concretas”, destacou o promotor.

72 dias sem água

A advogada Graziela Matte, moradora do Jardim da Fonte, relatou 72 dias de desabastecimento na comunidade desde 2024 e criticou a falta de investimentos frente ao crescimento urbano. O presidente da associação de moradores, Ivanor Baronio, mencionou prejuízos causados por uma torneira aberta durante um período sem água, resultando em uma conta de 90 metros cúbicos consumidos.

Luciano Moresco, do bairro Jacarezinho, apresentou registros de 24 interrupções no abastecimento entre janeiro e julho. Já Gilberto Dutra, da comunidade Navegantes, contou ter recebido uma conta de R$ 2 mil, mesmo com a casa desocupada após as enchentes.

O vereador Diego Preto (PP) lembrou que o problema atinge diversos bairros, com pressão irregular, longos períodos sem fornecimento e contas altas. “A falta d’água virou rotina em Encantado”, afirmou, defendendo novos reservatórios e fiscalização efetiva.

A presidente da ACI-E, Raquel Cadore, alertou para os prejuízos no turismo e no comércio local. O radialista Dilamar dos Passos afirmou que a maioria das reclamações recebidas na emissora são relativas ao abastecimento de água. Nolimar Perondi, do Força do Vale, alertou para o risco de depender apenas de poços, defendendo investimentos contínuos na ETA.

A água é um bem público, não um privilégio

O prefeito Jonas Calvi reforçou que a falta de água é um problema coletivo e assegurou que a prefeitura tem fiscalizado e notificado a concessionária. “A água é um bem público, não um privilégio”, declarou. O presidente da Câmara, Cris Costa, cobrou atitudes mais firmes e penalidades contratuais: “Já passamos da fase de conversar. A comunidade quer resultados.”

A meta é equilibrar o abastecimento entre as duas fontes para garantir estabilidade

Os representantes da Corsan/Aegea, Fernando Nardon e Rafael Sonego, reconheceram as falhas no sistema de abastecimento de Encantado e apresentaram um diagnóstico detalhado da situação. Fernando admitiu que a empresa falhou na comunicação com os consumidores e afirmou que a atual gestão está empenhada em resolver problemas como rompimentos, variações de pressão e interrupções frequentes no fornecimento.

Ele explicou que o sistema local é híbrido, combinando a captação do rio Taquari com poços artesianos, e que a meta é equilibrar o abastecimento entre as duas fontes para garantir estabilidade. Disse ainda que a empresa passou por reestruturação técnica recente, com equipe exclusiva para o município e plano de ações emergenciais.

O gerente de operações Rafael Sonego informou que Encantado possui 11 mil economias, sendo 56% abastecidas por poços e 44% pela ETA, além de sete poços, dez reservatórios e oito sistemas de bombeamento. Ele destacou que o levantamento técnico identificou vazamentos não visíveis, falhas na rede antiga e pontos críticos de pressão em bairros como Jardim da Fonte, Barra do Jacaré e Jacarezinho.

Os compromissos da Corsan

Ao final, foram definidos encaminhamentos concretos entre o Ministério Público, a Prefeitura e a Corsan Aegea. Ficou acordado que, em casos de desabastecimento, caminhões-pipa poderão ser acionados diretamente pela população via 0800 ou no posto de atendimento, com previsão de chegada em até três horas.

Quando a conta não for entregue ao consumidor, ele poderá buscar a loja de atendimento ou os canais digitais. Em relação aos buracos deixados por obras, os reparos deverão ser feitos em até 17 dias.

A empresa também se comprometeu a atender casos de água turva no mesmo dia da reclamação e a instalar boosters para aumentar a pressão — um no Jardim da Fonte em até 15 dias e outro no bairro Santa Clara em até 30 dias —, além de válvulas redutoras de pressão em até seis meses. Serão instaladas ainda três novas ventosas em até 30 dias para eliminar o ar das tubulações, e a Corsan deverá apresentar soluções de comunicação e abastecimento em até 30 dias.

Por fim, entre 24 e 28 de novembro, a concessionária realizará atendimentos individualizados nos bairros para resolver pendências diretamente com os consumidores.

A empresa também prometeu melhorar a comunicação com os usuários. “Sabemos que os problemas são antigos, mas estamos assumindo a responsabilidade e trabalhando para que não se repitam”, afirmou Rafael Sonego.

Por Amanda Rech

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