Cientistas descobrem que o tipo de sono influencia o cérebro e o comportamento

Uma pesquisa publicada na revista científica PLOS Biology em 7 de outubro de 2025 identificou cinco perfis distintos de sono, cada um com efeitos específicos sobre o humor, a cognição e a atividade cerebral. O estudo foi conduzido por cientistas do Canadá e de Singapura com 770 jovens adultos, entre 22 e 36 anos.
Os dados foram obtidos a partir de exames cerebrais, testes cognitivos e questionários detalhados. O resultado desafia a noção tradicional de “bom ou mau sono” e aponta que quantidade de horas dormidas é importante, mas não suficiente.
Os cinco perfis de sono
- Sono ruim: dificuldades para dormir, baixa satisfação e presença de ansiedade, estresse e ruminação. Menor conectividade em redes cerebrais ligadas à atenção.
- Sono resiliente: sono aparentemente preservado mesmo com sintomas psiquiátricos. Conectividade cerebral distinta do perfil anterior.
- Usuários de auxiliares do sono: dependência de medicamentos ou substâncias para dormir. Pior desempenho em memória e reconhecimento emocional.
- Sono de poucas horas: dormir menos de 7h afeta habilidades sociais, linguagem, tempo de reação e aumenta agressividade.
- Sono perturbado: despertares frequentes, como por apneia ou ruído, estão ligados à ansiedade e queda de desempenho cognitivo.
Mais do que apenas horas de sono
O estudo reforça que dormir de 7 a 9 horas continua sendo a recomendação para adultos, mas fatores como qualidade, continuidade e regularidade do sono têm peso igual ou maior.
Mesmo quem cumpre o tempo ideal de sono pode apresentar despertares frequentes ou dificuldades de iniciar o sono, o que afeta negativamente o humor, a atenção e a saúde mental.
Conexões cerebrais específicas
Os cientistas identificaram assinaturas neurais distintas para cada perfil, com base na conectividade entre redes cerebrais. Foram usadas 118 métricas biopsicossociais para agrupar os participantes.
Saúde mental e sono andam juntos
No perfil de sono ruim, os pesquisadores observaram baixa conectividade entre redes de autorreflexão e atenção externa. Já no perfil perturbado, a fragmentação do sono apareceu ligada a ansiedade e queda cognitiva.
Os autores ressaltam que não existe uma receita única para dormir bem: o ideal é compreender em qual perfil a pessoa se encaixa e buscar estratégias específicas de cuidado.