Criatividade pode retardar envelhecimento do cérebro em até 7 anos, aponta estudo internacional
Dançar, pintar, criar e até jogar videogame podem ser muito mais do que lazer. Um estudo com mais de 1.200 participantes, publicado na Nature Communications, indica que atividades criativas podem retardar o envelhecimento cerebral e manter o cérebro até sete anos mais jovem do que o esperado para a idade.

Um estudo internacional com participantes de 13 países concluiu que exercitar a criatividade pode deixar o cérebro até sete anos mais jovem do que o esperado para a idade. Atividades como dança, artes plásticas e jogos exigem raciocínio e adaptação, favorecendo a saúde cerebral.
Atividades lúdicas e efeito no cérebro
A pesquisa foi publicada na revista Nature Communications e analisou dados de mais de 1.200 voluntários, entre eles brasileiros. Os cientistas observaram que pessoas engajadas em hobbies criativos apresentaram maior conectividade cerebral, especialmente em áreas associadas à atenção, experiência e criatividade.
A neurocientista Elisa Harumi Kozasa, do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que a comparação entre o desempenho cerebral e a idade dos participantes revelou uma diferença significativa nos que se dedicam a práticas criativas.
“Revelou-se que quanto maior fosse o nível de especialização e desempenho dos voluntários em atividades criativas, mais jovem era o cérebro, especialmente nas regiões frontoparietais”, afirma Kozasa.
Dança e música entre os maiores impactos
Os pesquisadores destacaram exemplos concretos:
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Dançarinos de tango apresentaram um cérebro com até sete anos a menos do que a idade cronológica.
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Músicos e artistas mostraram uma diferença de cinco a seis anos.
Segundo a especialista, o tango se destaca por combinar movimento físico com criatividade coreográfica, o que estimula o cérebro de forma ampla — diferente de exercícios repetitivos, como a musculação.
Jogos e plasticidade cerebral
A pesquisa também testou intervenções de curto prazo, como um grupo de voluntários que jogou Starcraft II por 30 horas ao longo de um mês. O cérebro dos participantes apresentou uma média de três anos mais jovem do que o esperado para sua idade.
Ainda assim, a pesquisadora alerta: “Nem todo game tem esse efeito. O jogo precisa exigir raciocínio rápido e adaptação para estimular o cérebro”, pondera Kozasa.<
Criatividade como fator de proteção
A investigação reforça a ideia de que a criatividade tem papel semelhante ao exercício físico na saúde cerebral, ao estimular a reorganização das redes neuronais e a chamada plasticidade cerebral.
Esse processo ajuda a preservar:
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Memória
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Raciocínio lógico
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Coordenação motora
Apesar dos achados positivos, os autores do estudo ressaltam que a criatividade não é um fator isolado. A saúde cerebral depende também de alimentação, genética e atividade física.
“Um bom envelhecimento depende de um conjunto de elementos. Criatividade é uma parte importante, mas não a única”, conclui Kozasa.






