Dália leva ao governo estadual proposta para frear queda na produção de leite no RS
Dirigentes da cooperativa se reuniram com o vice-governador e o secretário da Agricultura no Palácio Piratini e defenderam criação de políticas públicas para apoiar o setor

Os presidentes da Cooperativa Dália Alimentos se reuniram, no mês passado, com o vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, e com o secretário estadual da Agricultura, Edvilson Brum, no Palácio Piratini, em Porto Alegre. O principal tema do encontro foi a forte retração da atividade leiteira no estado, que perdeu mais da metade de seus produtores nos últimos anos.
Durante a reunião, o presidente do Conselho de Administração da Dália, Gilberto Antônio Piccinini, apresentou dados que mostram a gravidade do problema. Segundo ele, os produtores estão deixando a atividade por falta de escala, baixa rentabilidade e dificuldades crescentes para investir.
“A permanência na atividade exige que os produtores invistam para aumentar a produção e atender à escala viável e à demanda industrial para abastecer o mercado”, afirmou Piccinini.
Propostas e sinal verde do governo
A Dália propôs ao governo a criação de políticas públicas específicas para tentar conter o êxodo da pecuária leiteira. Conforme Piccinini, as sugestões foram bem recebidas e devem ser transformadas em projetos concretos nos próximos meses.
Entre os fatores apontados pela cooperativa para o colapso na atividade estão:
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Aumento dos custos de produção
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Baixa remuneração aos produtores
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Clima adverso, com estiagens e enchentes
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Concorrência de produtos importados
Apoio a produtores endividados
O presidente executivo da Dália, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, destacou dois temas levados à reunião. O primeiro foi o apoio ao projeto estadual chamado “Desafios do Agronegócio no RS”, que busca recursos do Fundo Social para o alongamento das dívidas de produtores rurais afetados por desastres climáticos.
Freitas defendeu ainda que o programa federal inclua as cooperativas com sistemas integrados de suínos e aves, por serem elas as responsáveis pela captação de recursos para manter a produção.
Programa estadual e foco na agricultura familiar
O segundo ponto da pauta envolveu o Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no RS – 2023, elaborado pela Emater/RS-Ascar. O documento revela que mais de 50% dos pequenos produtores deixaram de produzir leite na última década.
A cooperativa defende a criação de um Programa de Estado voltado às cooperativas com Cadastro Nacional da Agricultura Familiar Jurídica (CAF). A proposta é que o governo subsidie parte dos custos de assistência técnica e incentive a permanência dos pequenos na atividade.
“A ideia é priorizar cooperativas que tenham ao menos 75% de produtores da agricultura familiar em seu quadro social”, explicou Freitas.
RS perde posições no ranking nacional
De acordo com o relatório da Emater/RS-Ascar, o número de produtores de leite no estado caiu de 84.199 em 2015 para 40.182 em 2021 – uma redução de 52,28%.
Mesmo com a queda, o Rio Grande do Sul manteve-se entre os principais estados produtores de leite do país até 2022, segundo dados da Embrapa. No entanto, conforme o IBGE, caiu para a quarta colocação nacional em 2023, ficando atrás de Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.