Por: Andieli Dias
Em 26 de julho, comemoramos o Dia dos Avós, uma data dedicada a homenagear esses membros tão importantes da família e reconhecer sua contribuição valiosa na vida das crianças e adultos. A convivência com os avós é fundamental para o desenvolvimento das crianças, além de proporcionar momentos de relaxamento e bem-estar.
Nos primeiros anos de vida, a relação com os avós é especialmente importante. Eles não apenas ajudam na criação de memórias afetivas, mas também oferecem uma visão ponderada da vida, transmitindo segurança e estabilidade emocional. A interação com as avós permite que as crianças aprendam sobre sua história e origens, através de histórias e experiências compartilhadas, criando uma conexão profunda com sua herança familiar.
Além disso, a forma como os adultos tratam a influência de seus próprios pais diretamente na relação entre netos e avós. A demonstração de respeito, afeto e cuidado com os mais velhos é observada e imitada pelas crianças, fortalecendo ainda mais esse vínculo.
No Dia dos Avós, Halei Buffon, 72 anos, morador de Encantado, compartilha a experiência que ele e sua falecida esposa, Fátima, desempenharam na criação dos netos. Embora o casal tenha cuidado dos netos Carol (24) e Arthur (14) filhos de Daniel, Lucas (19) e Ana (8) filhos de Dinaleia, é Lucas que mora com os avós desde os oito meses de vida.
Os avós passaram a criar o neto, Lucas Buffon, após a separação dos pais, quando ele tinha apenas oito meses. Natural de Poços de Caldas, Minas Gerais, Lucas se mudou para Encantado com sua mãe, Dinaleia, que necessitou de apoio devido às exigências de seu trabalho em turno integral.
“Nós fomos pai e mãe pra ele. Criar netos é como criar filhos pela segunda vez”, afirma Halei. Ele observa que, embora todos os netos recebam o mesmo amor, Lucas recebeu cuidados adicionais pois estava sempre junto.
“Nós ensinamos a importância de respeitar e seguir o caminho certo e sempre reforçamos que, se errassem, haveriam consequências, afinal toda ação tem uma reação e estávamos criando um homem.”
Em 2020 a avó Fátima contraiu COVID-19 e morreu, foram momentos dolorosos para a família. A ausência da avó foi profundamente sentida, mas Halei continuou a transmitir os valores que o casal sempre valorizou. “Ela sempre esteve presente em tudo, tanto na criação dos nossos filhos quanto na dos netos. O amor que temos por cada um deles é imensurável, mas sigo pelo menos tentando passar o que sei que é certo.”
Atualmente, Lucas ainda vive com Halei, tendo optado por não se alistar no exército no ano passado para permanecer ao lado do avô, especialmente após a enchente que afetou a família. “Ele tinha que se alistar e, no dia da apresentação, pediu para ficar comigo por eu ser viúvo e ter sido atingido pela enchente. Ele permanece aqui, e todos os dias, antes de ir trabalhar, pergunta como estou, se despede e depois vai” relata.
Com a mudança de Dinaleia para a casa de Halei, há mais oportunidades para o convívio com Lucas e Ana. Halei continua dedicado à missão de transmitir os ensinamentos que ele e Fátima sempre consideraram essenciais. “É um amor que não se pode explicar”, conclui Halei, ressaltando o impacto que o papel dos avós pode ter na vida dos netos. “O amor entre vô e neto é algo que não se pode explicar só quem tem um neto sabe a sensação que é de poder contribuir com os ensinamentos da vida deles”.
Lucas, por sua vez, reflete sobre o impacto dessa convivência em sua vida. Ele revela como a experiência de ser criado pelo avô moldou sua visão sobre a importância dos valores familiares. “De tudo que vivi, posso dizer que o amor entre avô e neto pode substituir a falta que um pai biológico faz, sem precisar de muito esforço. Isso mudou minha visão de família, pois os hábitos das décadas passadas são muito melhores do que os de hoje. Ser criado pelo meu avô foi uma experiência incrível, que me fez ser quem sou hoje”, concluiu o neto.