Estátua simbólica da COP 30 em Belém é comparada à “Besta do Apocalipse”
Escultura doada pela China mistura dragão e onça, provoca reações religiosas e divide opiniões nas redes sociais

Uma nova escultura de bronze instalada em Belém (PA) está no centro de uma controvérsia que tem mobilizado redes sociais e provocado reações intensas entre moradores da capital paraense. A obra, batizada de “Espírito Guardião Dragão-Onça”, foi doada pela China ao Brasil como parte das ações culturais preparatórias para a COP 30, que está sendo realizada na cidade.
Criada pela artista chinesa Huang Jian, a estátua representa uma fusão simbólica entre o dragão oriental e a onça-pintada amazônica, elementos que, segundo a proposta oficial, simbolizam a união entre culturas e a urgência climática mundial — tema central da próxima conferência da ONU sobre o clima.
Obra divide opiniões e levanta críticas religiosas
Embora a prefeitura de Belém tenha celebrado a instalação como um novo atrativo turístico e um marco do legado da COP 30, a estética híbrida e imponente da estátua provocou reações adversas. Nas redes sociais, influenciadores e internautas passaram a associar a imagem ao que chamam de “símbolos demoníacos”.
Alguns chegaram a apelidar a escultura de “Besta do Apocalipse”, citando passagens bíblicas que descrevem criaturas com aparência monstruosa. Uma das postagens que viralizou foi feita pelo influenciador Vinícius Lana, que levantou questionamentos espirituais sobre a presença da escultura em espaço público.
Ao mesmo tempo, outros usuários defenderam a obra como expressão legítima da arte contemporânea e criticaram o que consideram uma reação exagerada. Para esses, a controvérsia revela o choque entre interpretações religiosas e manifestações culturais modernas.
Entre a arte, o turismo e o debate público
Especialistas em cultura amazônica avaliam que a reação popular à obra expõe tensões profundas entre valores tradicionais e visões cosmopolitas. “A obra pretende ser um símbolo de união cultural, mas a reação mostra um profundo choque de interpretações entre arte contemporânea e simbologia religiosa no contexto local”, avaliou um pesquisador ouvido pela reportagem.
A escultura permanece exposta como parte do conjunto de intervenções culturais que buscam posicionar Belém como vitrine internacional durante a COP 30. Resta saber se o debate em torno da “dragão-onça” ajudará a fomentar reflexão ou apenas alimentará divisões até o fim do evento.






