Fraude no INSS: governo suspende repasses a entidades e promete ressarcimento integral
Mais de 6 milhões de beneficiários podem ter sido atingidos por descontos indevidos; prejuízo estimado é de até R$ 6,3 bilhões

O governo federal suspendeu todos os descontos mensais feitos por associações e sindicatos nas folhas de pagamento de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A medida foi anunciada nesta quinta-feira (24) após denúncias de descontos irregulares em benefícios.
Investigação atinge 11 entidades
A operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que 11 entidades associativas são suspeitas de aplicar descontos não autorizados em aposentadorias e pensões entre 2019 e 2024.
O valor dos descontos desde 2019 alcança R$ 6,3 bilhões, mas ainda não há definição sobre quanto foi descontado de forma ilegal.
Ressarcimento aos prejudicados
Segundo a diretora de Orçamentos e Finanças do INSS, Débora Floriano, será elaborado um plano de ressarcimento integral dos valores descontados indevidamente.
“Nenhum aposentado será descontado a partir de agora. As parcelas lançadas neste mês serão retidas e devolvidas na próxima folha”, afirmou a CGU.
A suspensão vale a partir dos contracheques de maio, e os beneficiários não precisam ir às agências do INSS para evitar novos prejuízos.
Dados da CGU
Relatório aponta crescimento dos descontos ao longo dos anos:
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2016: R$ 413,2 milhões
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2019: R$ 604,6 milhões
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2022: R$ 706,2 milhões
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2023: R$ 1,3 bilhão
Atualmente, 6 milhões de brasileiros têm algum tipo de desconto para associações em suas aposentadorias, o que representa cerca de 15% do total de benefícios ativos.
“Nosso objetivo é garantir que o aposentado receba sua aposentadoria integral, sem descontos não autorizados”, declarou o ministro da CGU, Vinicius de Carvalho.
A operação também provocou a demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, cujo substituto ainda não foi anunciado.