Lula defende redução da jornada de trabalho e quer estudo sobre fim da escala 6 por 1
Presidente também criticou flexibilização ambiental e cobrou medidas duras contra feminicídio durante reunião do Conselhão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu nesta quinta-feira (4) que o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável — o Conselhão — estude alternativas para reduzir a jornada de trabalho no país. A fala ocorreu durante reunião no Palácio do Itamaraty, em Brasília.
Lula defendeu o fim da escala 6 por 1 (seis dias trabalhados para um de descanso) e propôs a redução da jornada semanal de 44 para 40 horas. Segundo ele, os avanços tecnológicos e o aumento da produtividade não se refletiram em melhor qualidade de vida. Como exemplo, citou a indústria automobilística:
“A Volkswagen tinha 40 mil trabalhadores e produzia 1,2 mil carros. Hoje tem 12 mil e produz o dobro. Por que então não reduziu a jornada?”, questionou.
Feminicídio, fiscal e meio ambiente
Lula também cobrou propostas mais duras para enfrentar feminicídio e pedofilia, mencionando casos recentes de violência contra mulheres. Reforçou ainda críticas à visão de que gastos sociais seriam entraves fiscais.
Disse que setores do mercado financeiro “exageram” ao tratar da questão do déficit e afirmou:
“Quem se queixa é a Faria Lima. Não estão preocupados com quem não come três vezes ao dia.”
Durante o encontro, o presidente também criticou a derrubada de vetos ao projeto que flexibiliza o licenciamento ambiental, alertando para possíveis prejuízos nas exportações brasileiras: “Vetamos para proteger o agronegócio. Quando China e Europa pararem de comprar, vão vir falar comigo de novo”.
Congresso e orçamento
Ao comentar a relação com o Congresso, Lula afirmou que não há crise institucional e voltou a criticar as emendas impositivas, chamando o atual modelo de “grave erro histórico” por, segundo ele, limitar a autonomia do Executivo sobre o orçamento.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também participou do evento e disse que o déficit fiscal será 70% menor que o da gestão anterior. Ele projetou ainda que a inflação nos quatro anos de governo será a menor da história.






