
Ivana Nikoline Brønlund, 18 anos, natural de Nuuk, teve a guarda da filha Aviaja-Luuna retirada apenas uma hora após o parto, em 11 de agosto, em Hvidovre, na Dinamarca. Mesmo com a lei vigente desde maio de 2025 que proíbe a aplicação de testes psicométricos de “competência parental” em pessoas de origem groenlandesa, a avaliação foi utilizada. A entrada em recurso está marcada para 16 de setembro.
O que aconteceu e por quê
A jovem Ivana, nascida na capital da Groenlândia e ex-atleta da seleção nacional de handebol, deu à luz em um hospital na cidade dinamarquesa onde vive com a família. Uma hora depois, a prefeitura de Høje-Taastrup ordenou a retirada da recém-nascida.
A justificativa foi baseada no resultado de um teste psicométrico chamado FKU, usado para medir “competência parental”. A nova legislação proíbe o uso do teste em pessoas de origem groenlandesa por considerá-lo culturalmente enviesado.
As autoridades alegaram que Ivana sofria traumas psicológicos graves e não seria “suficientemente groenlandesa” para se enquadrar na proteção legal — argumento que gerou ainda mais controvérsia.
Reação pública e institucional
O caso provocou protestos em várias cidades, incluindo Nuuk, Copenhague, Reykjavik e Belfast. A ministra de Assuntos Sociais da Dinamarca pediu esclarecimentos e reconheceu que a lei em vigor é clara quanto à proibição da prática.
Procedimentos subsequentes
Após o episódio, a prefeitura admitiu falhas no processo e afirmou estar em contato com a unidade especializada VISO, que deve ser acionada por lei em casos que envolvem famílias groenlandesas.
Atualmente, Ivana tem direito a ver a filha apenas duas vezes por mês, por duas horas, sob supervisão.
Contexto
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Proibição dos testes FKU: Desde maio de 2025, a Dinamarca baniu o uso do teste FKU em famílias groenlandesas, com a determinação de que os casos sejam tratados com auxílio da unidade especializada VISO.
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Histórico de discriminação: Crianças groenlandesas têm cinco vezes mais chances de serem separadas das famílias na Dinamarca em comparação às dinamarquesas — 5,6% contra 1%.
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Casos semelhantes: Outro caso recente, envolvendo Keira Alexandra Kronvold, também gerou repercussão após sua filha ser retirada com base no mesmo teste, ainda que proibido.