Navio com 3 mil vacas à deriva há meses tenta voltar ao Uruguai com animais debilitados
Sem autorização para desembarcar, embarcação passou semanas ancorada com gado confinado e deve levar mais um mês até chegar de volta a Montevidéu.

Quase 3 mil vacas estão a caminho do Uruguai após passarem mais de dois meses confinadas no navio Spiridon II, impedido de desembarcar a carga viva na Turquia. A embarcação deixou Montevidéu em 19 de setembro com destino ao porto de Bandirma, mas teve a entrada negada por problemas na documentação sanitária de parte do rebanho.
Durante o impasse, mais de 140 bezerros nasceram a bordo, embora especialistas considerem baixa a chance de sobrevivência dos filhotes. O navio, antigo e com diversas deficiências estruturais, só deve retornar à capital uruguaia em 14 de dezembro, completando quase três meses de viagem sem fim.
Impedidos de desembarcar
A carga inicial era de 2.901 vacas destinadas à engorda e reprodução. O problema surgiu quando fiscais turcos identificaram 469 animais sem os brincos ou chips eletrônicos obrigatórios, impedindo o desembarque. Sem solução diplomática entre os países, o Spiridon II permaneceu ancorado por mais de três semanas, enquanto a situação a bordo se agravava.
Segundo a organização Animal Welfare Foundation, o navio apresentava superlotação, ventilação inadequada, escassez de ração e água, além de condições precárias para a tripulação — sem treinamento para cuidar dos animais doentes ou prenhes.
Viagem sem garantia de retorno
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Estima-se que pelo menos 58 vacas morreram durante o período de espera.
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Metade do rebanho estaria prenhe, o que aumenta os riscos devido às condições sanitárias.
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A ONG britânica classificou a volta como uma “viagem de morte”, com alto risco de novas perdas.
Uma breve parada para reabastecimento foi autorizada antes do retorno, mas entidades alertam que os animais seguem debilitados. Há também preocupação sobre descarte irregular de carcaças no oceano, prática difícil de fiscalizar.
A embarcação é de 1973 e tem bandeira de Togo. Levanta críticas sobre os padrões de fiscalização marítima e o modelo de transporte de gado vivo. Organizações exigem o fim da exportação marítima de animais, apontando falhas recorrentes.






