Omeprazol pode causar demência? Veja o que diz a Ciência
Estudos descartam relação direta com Alzheimer, mas apontam riscos em uso prolongado sem acompanhamento médico

O uso prolongado de omeprazol não tem relação comprovada com demência ou Alzheimer, segundo especialistas. Embora pesquisas iniciais tenham levantado suspeitas, estudos mais amplos não confirmaram a associação. Riscos indiretos, porém, existem e exigem atenção médica.
De onde veio a dúvida
A polêmica começou em 2014, quando um estudo alemão observou uma possível associação entre o uso contínuo de inibidores de bomba de prótons (IBPs) — como omeprazol, pantoprazol e esomeprazol — e o aumento de casos de demência em idosos.
O estudo era observacional e não comprovava relação de causa e efeito. Pesquisas posteriores, mais robustas, como uma análise finlandesa com 250 mil pacientes, não confirmaram essa ligação.
O que os especialistas dizem
Segundo neurologistas e gastroenterologistas, o risco real está em deficiências nutricionais causadas pelo uso prolongado, e não no medicamento em si.
O omeprazol reduz a acidez gástrica, o que pode dificultar a absorção da vitamina B12 — nutriente essencial para o funcionamento do sistema nervoso.
“O remédio não causa demência, mas pode levar a uma deficiência que afeta o metabolismo cerebral”, explica o neurologista Iago Navas.
Essa deficiência pode provocar sintomas como cansaço, lapsos de memória, dificuldade de concentração e formigamentos. Em idosos, o risco é maior devido à absorção naturalmente reduzida.
O que a ciência já sabe
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Não há evidência científica de que omeprazol cause demência ou Alzheimer.
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O uso prolongado pode causar deficiência de vitamina B12, ferro e magnésio.
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A deficiência de B12 está associada a sintomas cognitivos leves, mas reversíveis.
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Os efeitos adversos são mais comuns em idosos e pacientes polimedicados.
Uso seguro depende de acompanhamento
Especialistas alertam que o omeprazol deve ser usado com indicação médica e por tempo determinado. Automedicação e uso prolongado sem necessidade são os principais fatores de risco.
Além da B12, o uso contínuo também pode interferir na microbiota intestinal e aumentar o risco de infecções gastrointestinais.
“É um medicamento importante, mas não inofensivo. O ideal é usar a menor dose possível e sempre com reavaliação periódica”, afirma a gastroenterologista Débora Poli.
Recomendações para quem usa o remédio
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Evitar o uso contínuo sem orientação médica
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Realizar exames periódicos para monitorar níveis de vitamina B12 e magnésio
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Buscar alternativas terapêuticas quando possível
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Redobrar os cuidados em idosos e pacientes com múltiplos medicamentos






