Papa e rei Charles III rezam juntos em ato inédito no Vaticano após 500 anos de separação
Cerimônia na Capela Sistina marca primeiro momento público de oração entre líderes da Igreja Católica e da Igreja Anglicana desde o cisma do século XVI
O rei Charles III e o papa Leão XIV protagonizaram, nesta quinta-feira (23), um momento inédito na história das relações entre a Igreja Católica e a Igreja Anglicana: rezaram juntos na Capela Sistina, no Vaticano. A cerimônia ecumênica foi descrita como histórica pelos dois lados e ocorre mais de 500 anos após o cisma anglicano, iniciado em 1534.
A visita oficial de Charles ao Vaticano foi marcada por uma série de encontros simbólicos, incluindo troca de títulos honoríficos e um segundo culto conjunto na Basílica de São Paulo Extramuros. Durante a cerimônia principal, corais católicos e anglicanos se apresentaram juntos, em uma celebração centrada no compromisso com a unidade cristã e a proteção ambiental.
Contexto histórico e simbolismo
Desde a ruptura promovida pelo rei Henrique VIII, as duas igrejas mantêm diferenças doutrinárias e históricas profundas, apesar do diálogo inter-religioso. O encontro desta quinta representa o primeiro ato conjunto de oração entre os chefes das duas igrejas desde então.
Durante a visita, o papa Leão XIV conferiu a Charles o título de “Confrade Papal da Capela de São Jorge”, enquanto o monarca britânico recebeu, em Roma, o título de “Confrade Real” — ambos com caráter simbólico de comunhão espiritual.
Visita em meio a crise na família real
O gesto ocorre em um momento delicado para a monarquia britânica. O rei continua em tratamento contra um câncer, diagnosticado no início de 2024, e enfrenta o desgaste provocado por novas revelações no escândalo envolvendo seu irmão, o príncipe Andrew, citado em depoimentos relacionados ao caso Jeffrey Epstein.
Apesar do contexto, Charles reforçou sua agenda internacional e deve permanecer em Roma para outros compromissos ligados ao Ano do Jubileu, celebrado pela Igreja Católica a cada 25 anos.
