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Pós ciclone: Não cabe a nós julgar, estamos aqui para ajudar

Já contabilizamos um mês da catástrofe que atingiu o Vale do Taquari deixando inúmeras famílias desabrigadas necessitando de abrigo, roupas, alimentação. Nas primeiras semanas centenas de voluntários se prontificaram a ajudar, seja na limpeza das casas ou nos pontos na separação e distribuição de roupas e calçados às vítimas desse desastre. No entanto, à medida que o tempo passou, o número de voluntários diminuiu, pois muitos tiveram que retornar aos seus compromissos diários. Outras continuam colaborando como é o caso de Silvia, Inacir, Mirtes, Moisane, Mara, Jacque e Beatriz, que todas as tardes vão para o Parque Municipal João Batista Marchese onde fazem a triagem e distribuição de roupas e calçados.

Boatos infundados

Beatriz Cé é uma das voluntárias: “Hoje estamos em menos voluntários aqui no Salão do Anita, já separamos em sacos para ser levado ao outro pavilhão pois precisamos devolver este espaço para o GAN Anita que deve retomar suas atividades, os demais voluntários estão no outro pavilhão, reorganizando e separando as roupas e calçados. Estamos fazendo tudo isso de coração, deixamos tudo de lado para estar aqui e prestar auxílio e o que nos entristece são boatos, as fake news criada por gente maldosa para desmerecer o trabalho dos que realmente estão ajudando” desabafa Beatriz.

Ela se refere a boataria que circulou que “mulheres da sociedade estariam enchendo seus carrões com as doações. “Nos colocamos no lugar das pessoas que perderam tudo. É importante ressaltar que muitas pessoas não podem vir até aqui porque retornaram ao trabalho, ou não tem condições para se deslocar ate aqui, então identificamos suas necessidades, embalamos os itens e nestas situações entregamos em suas casas” conta Jacqueline Bertozzi.

Elas contam que não é negada nenhuma peça, nem mesmos aos aproveitadores que já retiraram muitas roupas, até sem necessidade. “Lamentamos pois não estando tendo a empatia tão necessária nesta hora. Tem os aproveitadores, tem sim, mas preferimos focar nas pessoas que vem ajudar com boa vontade e não naqueles que por ventura tiraram de quem mais precisa. Não cabe a nós julgar, estamos aqui de livre e espontânea vontade, colaborando” resume.

Refazer o trabalho

O pavilhão foi dividido com uma lona. Na parte da frente ficam os moradores. Do meio para trás foram colocados os sacos com as roupas e calçados separados na triagem para posterior doação, todavia o trabalho precisa ser refeito. “Estava tudo ensacado, separado por tamanho para ser distribuído aqui, mas na madrugada, rasgaram a lona, entraram aqui e misturaram tudo. Agora o trabalho precisa ser refeito” lamentou uma das voluntárias.

“Tem gente aqui no abrigo que não respeita ninguém”

Uma moradora temporária do pavilhão veio ao encontro da reportagem para dizer que entre os desabrigados tem muita gente boa, respeitadora mas que tem aqueles que não respeitam ninguém e estão tornando o local insuportável.

Ha 30 dias morando no pavilhão ela conta que está no limite, que não tem como continuar no local. “Não tem respeito, conversas e colocam som alto até a madrugada , sem contar das cenas impróprias para um local onde tem crianças por perto, além de outras coisas ruins que estão acontecendo aqui”.

Conforme “Dona D”. “o problema não está no pavilhão, estamos aqui provisoriamente, é a falta de respeito dos que estão aqui dentro. É uma minoria, mas incomoda muito” desabafa.

Ao concluir ela reitera que está no limite e que não quer ficar mais nem um dia no local. “Eu faço a minha comida, lavo a minha roupa e zelo pelo local que todos estão usando, mas nem todos agem assim. Já fui no CRAS e avisei que aqui não fico mais”.

“Dona D” alugou uma casa no Bairro Navegantes, que não está nas melhores condições mas não foi condenada pela Defesa Civil. A dela foi!

Todos recebem as doações, inclusive não flagelados

Junto ao pavilhão onde estão sendo transferidas e armazenadas as roupas, a equipe do Jornal Força do Vale conversou com uma haitiana que carregava quatro sacolas de doações.

Ha nove anos morando no Brasil e funcionária de um frigorifico, disse estar feliz com as doações. “Ganhamos bastante coisa, roupas, calçados, material de limpeza”. Perguntamos se a casa dela tinha estragado muito com a enchente e em que bairro ela morava. Prontamente respondeu que morava no Bairro Lambari e que na casa dela não tinha ido água.

Conforme Sofia Toriani, do CRAS de Encantado, devido a grande quantidade de doações, foi aberto o repasse para o público em geral.

Agro Dália

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