Sítio Pedagógico Vô Calvi transforma Encantado em referência de turismo afetivo e educação ao ar livre
Criado durante a pandemia, o espaço une herança italiana, vivências sensoriais e café colonial afetivo para escolas, famílias e visitantes
O que nasceu como alternativa à crise social da pandemia tornou‑se em Encantado um dos espaços mais procurados da região. O Sítio Pedagógico Vô Calvi, no bairro Santa Clara, reúne natureza, cultura, memória e aprendizado em uma proposta que encanta crianças, famílias e grupos turísticos.

Idealizado em 2021 por Evelise Calvi Mezacasa, o sítio surgiu a partir da constatação de que “faltava convivência, faltava o brincar compartilhado e, sobretudo, faltava natureza” entre as crianças durante o isolamento social. Com apoio da família e uma propriedade com histórias vivas, foi lançado o primeiro projeto: “Férias Divertidas”, voltado para crianças de 4 a 10 anos.
Ao mesmo tempo, com o crescimento do turismo em Encantado — impulsionado pela construção do Cristo Protetor , a família percebeu a oportunidade de abrir o local e compartilhar suas raízes. A partir daí, o sítio se posicionou como espaço permanente de afeto, tradição e educação.
Hoje, o Sítio Vô Calvi oferece três vivências principais:
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Férias Divertidas: despertar do brincar livre, sensações e criatividade em meio à natureza.
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Vivências pedagógicas: oficinas, horta educativa, trilhas, observação do pomar e contação de histórias.
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Visitação turística: recepção com gaita e cantorias, seguida por café colonial afetivo ao fogão a lenha.
Na chegada, quem acolhe os visitantes é o “Vô Calvi”, que acompanha com repertório de músicas italianas, alemãs e gaúchas. “Queremos que cada pessoa leve daqui sensações: o som da gaita, o cheiro das plantas, o sabor dos doces de avó. A experiência precisa ser viva e verdadeira”, explica Evelise.
O café colonial preparado pela mãe de Evelise, “Vó Clary”, resgata sobremesas que cruzaram gerações: doce de batata‑doce, broa, sfregola, torta tirolesa, entre outras. “Para muitos visitantes, o café no jardim com aroma de lenha e o canto da gaita despertam memórias profundas”, observa Evelise.
A herança italiana está presente na gastronomia, nas músicas, no forno de barro e nas histórias de família. “A cultura italiana é a alma do sítio. Ela cria pertencimento e faz as pessoas se reconhecerem e lembrarem de onde vieram”, destaca.
Inspirada na filosofia educacional de Reggio Emilia, a equipe entende cada espaço como sala de aula ao ar livre. As crianças experimentam, observam insetos, reconhecem plantas, investigam texturas e aprendem com o ambiente. “A natureza ensina silenciosamente. Nosso papel é apenas mediar esse encontro”, afirma.
O retorno dos visitantes tem sido positivo: escolas retornam, famílias repetem a visita e turistas incluem o sítio em roteiros. O local também se fortalece como complemento natural ao circuito turístico do Cristo Protetor. Nos próximos passos, a família planeja ampliar oficinas, firmar novas parcerias e aprimorar a estrutura — mantendo a essência afetiva que conquistou o público. “Abrimos nossa história. Ver pessoas emocionadas por causa do que vivemos aqui é algo que não tem medida”, conclui Evelise.







