
O Sol apresentou nos últimos anos um aumento inesperado de atividade, contrariando previsões da Nasa e da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), que esperavam uma fase de calmaria. O fenômeno ocorre no atual Ciclo Solar 25, iniciado em 2020, e tem preocupado especialistas pelos riscos associados a tempestades espaciais.
De acordo com dados recentes, o vento solar – fluxo de partículas carregadas emitidas pelo Sol – intensificou-se em diversos aspectos: velocidade, densidade, temperatura, pressão, massa e campo magnético. Esse comportamento inverte a tendência observada no Ciclo Solar 24, encerrado em 2008, considerado o mais fraco em um século.
“Todos os sinais apontavam para uma fase prolongada de baixa atividade. Então foi uma surpresa ver essa tendência se inverter. O Sol está lentamente despertando”, explicou Jamie Jasinski, físico de plasma do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa.
O que é o Ciclo Solar 25
O ciclo solar é um processo natural de cerca de 11 anos em que a estrela alterna entre fases de maior e menor atividade. Durante os picos, o Sol registra mais manchas solares, erupções e ejeções de massa coronal. Nessas fases, ocorre ainda a inversão dos polos magnéticos.
Embora o atual ciclo seja apenas o 25º monitorado desde o século 17, prever seu comportamento é complexo. Tendências de longo prazo, como o ciclo de Hale (de 22 anos), ainda são pouco compreendidas.
Historicamente, o Sol já passou por períodos de calmaria extrema, como o Mínimo de Maunder (1645-1715) e o Mínimo de Dalton (1790-1830). Em 2008, cientistas esperavam que algo semelhante pudesse se repetir, mas o que se viu foi um aumento constante da atividade.
Impactos possíveis
As mudanças no vento solar podem impactar diretamente a vida na Terra e no espaço. Entre os riscos estão:
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Astronautas expostos a radiação, em caso de missões fora da proteção da magnetosfera.
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Interferência em satélites e naves espaciais, afetando sistemas de comunicação e GPS.
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Falhas em redes elétricas e de internet, em situações de tempestades geomagnéticas intensas.
Um exemplo ocorreu em maio de 2024, quando uma forte tempestade geomagnética gerou auroras boreais visíveis até o sul do México e trouxe alertas para sistemas globais de comunicação.
Monitoramento contínuo
Para entender melhor o comportamento do Sol, a Nasa prepara novas missões. Entre elas, a Interstellar Mapping and Acceleration Probe (IMAP) e o Carruthers Geocorona Observatory, programados para serem lançados em 23 de setembro a bordo de um foguete Falcon 9.
O próximo Ciclo Solar 26 deve começar entre 2029 e 2032, mas os cientistas reforçam que o número de manchas solares, usado como principal parâmetro, oferece apenas um retrato parcial.
“Precisamos ampliar o catálogo de observações para compreender de fato a dinâmica do Sol. A observação contínua é a única forma de prever o que virá a seguir”, conclui a Nasa.