Terra esgota recursos de 2025 antes do fim de julho
Organização aponta sobrecarga recorde e alerta para mudanças urgentes em consumo e produção

O planeta Terra entrou nesta quinta-feira (24) em déficit ecológico, ao consumir todos os recursos naturais que seria capaz de regenerar ao longo de 2025. A data, conhecida como Dia da Sobrecarga da Terra, foi antecipada neste ano para menos de oito meses e marca o cenário mais precoce já registrado, conforme dados da Global Ecological Footprint.
Segundo a organização, a humanidade está explorando a natureza a uma velocidade 1,8 vez maior do que sua capacidade de recuperação. O resultado é um desequilíbrio que compromete os recursos naturais para as próximas gerações e expõe diferenças profundas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Diferenças entre países
De acordo com o biólogo Paulo Brack, do Instituto de Biociências da UFRGS, nações ricas e industrializadas atingem o limite de regeneração entre fevereiro e abril, recorrendo aos recursos de países menos desenvolvidos para manter seus padrões de consumo.
No caso do Brasil, a data seria marcada apenas em 1º de agosto, graças à extensão de áreas preservadas, como a Amazônia, e ao consumo médio de energia por habitante, menor que o de países desenvolvidos.
“Nós consumimos menos energia por pessoa e preservamos mais, mas o desequilíbrio global acaba nos prejudicando. Os países ricos deveriam mudar seu padrão de vida ou, no mínimo, investir mais na preservação aqui”, afirma Brack.
Impactos e desafios
O biólogo Francisco Milanez alerta que o planeta está chegando a limites críticos, citando o aumento dos gases de efeito estufa, o descongelamento de polos e geleiras, a contaminação por metais pesados e a presença de plásticos em oceanos e solos.
A Global Ecological Footprint destaca que metade da biocapacidade do planeta é usada para a produção de alimentos, mas cerca de 1,3 bilhão de toneladas são perdidas ou desperdiçadas todos os anos. A entidade sugere reduzir o consumo global de carne em 50%, cortar pela metade o desperdício de alimentos e acelerar a transição para energia limpa, eliminando gradualmente os combustíveis fósseis.
Caminhos para reverter
As soluções apontadas pela organização envolvem cinco eixos principais:
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Planeta: conservação, restauração de ecossistemas e agricultura regenerativa;
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Cidades: reduzir impactos ambientais e ampliar transporte sustentável;
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Energia: migrar para fontes renováveis e eliminar combustíveis fósseis;
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Comida: diminuir o desperdício e reduzir o consumo de carne;
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População: incentivar políticas que levem a famílias menores, diminuindo a pressão sobre recursos naturais.
A mensagem dos especialistas é clara: sem mudanças estruturais nos padrões de produção e consumo, o planeta continuará a registrar sobrecargas cada vez mais precoces, comprometendo o futuro das próximas gerações.