Brasil lidera número de milionários na América Latina, mas aparece como o mais desigual entre 56 países
Relatório global do banco UBS aponta alta concentração de riqueza no país, que empata com a Rússia no pior índice de desigualdade patrimonial

O Brasil ocupa a primeira posição em número de milionários na América Latina, com cerca de 433 mil pessoas com patrimônio superior a US$ 1 milhão. Por outro lado, é também o país com maior desigualdade de riqueza do mundo, conforme aponta o Relatório Global de Riqueza 2025, elaborado pelo banco suíço UBS.
A pesquisa avaliou 56 países, responsáveis por mais de 92% da riqueza mundial. O levantamento considera o valor total dos bens — financeiros e imóveis — subtraídas as dívidas.
Desigualdade extrema
O Índice de Gini aplicado ao patrimônio brasileiro atingiu 0,82, o pior resultado da lista, ao lado da Rússia. Quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade. A Eslováquia, na outra ponta, teve índice de 0,38.
O relatório do UBS avalia a desigualdade patrimonial total, e não apenas a renda mensal, como faz o IBGE.
Top 10 países mais desiguais segundo o UBS
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Brasil – 0,82
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Rússia – 0,82
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África do Sul – 0,81
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Emirados Árabes Unidos – 0,81
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Arábia Saudita – 0,78
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Suécia – 0,75
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Estados Unidos – 0,74
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Índia – 0,74
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Turquia – 0,73
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México – 0,72
Riqueza concentrada
Apesar de estar em 19º lugar no ranking global de milionários, o Brasil lidera com folga na América Latina. O México, segundo colocado na região, tem 399 mil milionários. Veja os países com maior número de pessoas com mais de US$ 1 milhão:
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Estados Unidos – 23,831 milhões
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China – 6,327 milhões
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França – 2,897 milhões
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Japão – 2,732 milhões
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Alemanha – 2,675 milhões
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Brasil – 433 mil (19º no ranking global)
O número de milionários no Brasil cresceu, mas a alta concentração patrimonial faz com que os ganhos fiquem restritos a uma pequena parcela da população.
Riqueza global volta a crescer
O relatório mostra que a riqueza mundial cresceu 4,6% em 2024, superando a expansão de 4,2% registrada em 2023. A América do Norte foi a região com maior avanço, favorecida pela estabilidade do dólar e pela valorização dos ativos financeiros.
O documento ressalta que a existência de milionários não é sinal de prosperidade ampla, especialmente em países onde a desigualdade de patrimônio é elevada, como é o caso do Brasil.
O que entra no cálculo da riqueza
O levantamento do UBS considera:
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Dinheiro em conta, investimentos, ações e fundos
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Bens imóveis, veículos e outros ativos reais
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Descontadas as dívidas
Isso significa que, por exemplo, a casa própria é considerada no cálculo.