O Grêmio encerra nesta quinta-feira (3) contra o Brusque um dos capítulos mais difíceis de sua história. Após 11 meses de uma temporada de altos e baixos, o clube finaliza o ano com o grande objetivo conquistado. O acesso aconteceu de forma antecipada, com a goleada sobre o Náutico nos Aflitos, mas o retorno à Série A foi muito mais sofrido do que o esperado para um clube com investimento de quase R$ 10 milhões por mês no departamento de futebol.
Uma jornada que teve a aposta, para início de ano, na manutenção de Vagner Mancini interrompida. Ainda em fevereiro, ocorreu a chegada de Roger Machado, que conquistou o Gauchão e conduziu a equipe por boa parte da Série B.
Mas com o ambiente do vestiário carregado com críticas pelo desempenho irregular da equipe, Renato foi recontratado pelo presidente Romildo Bolzan e tocou as últimas 10 rodadas da competição. Um final de ciclo, mas de olho no início de uma nova série de conquistas no futuro.
— Fiquei com medo quando cheguei, mesmo com o Grêmio no G-4. Tive várias reuniões com os jogadores e coloquei na cabeça deles a importância de voltar à Série A. Mudamos algumas coisas emergenciais dentro do clube para voltarmos. Era obrigação. O Grêmio, bem ou mal, fez a parte dele. Agora, precisa fazer um grupo forte para não sofrer mais. O torcedor precisa ir à Arena confiante de que o time é bom. Chega de sofrimento — pediu Renato em sua entrevista coletiva nesta quarta-feira (2).
O planejamento para a partida contra o Brusque passou por adaptações durante a semana. Após a ideia inicial ser pela utilização de mais jovens, com olho em 2023, o foco mudou para garantir uma despedida digna para a torcida. O objetivo é vencer, confirmar o segundo lugar contra um adversário já rebaixado à Série C e recompensar o público que for à Arena com uma atuação de bom nível.
O clima de fim de festa no ambiente do clube desde a confirmação do acesso, após a vitória sobre o Náutico no dia 23 de outubro, mudou nos últimos dias. Mesmo que a partida de hoje seja válida pela Série B de 2022, o ano que vem teve peso maior nas decisões tomadas para este jogo. E muito desta mudança de foco ocorreu pela disponibilidade de Renato de abraçar a missão de observar peças que estão atualmente no grupo e precisam de mais avaliações para definirem suas permanências para a próxima temporada.
Renato deu pistas durante a entrevista do que pensa para sua carreira em 2023. O desejo de ser o escolhido pela CBF para suceder Tite é tratado como sonho. Mas a permanência no Grêmio para mais uma temporada só não será realidade se surgir alguma divergência com o candidato que vencer as eleições presidenciais do clube no dia 12 de novembro. O tema parece estar tão encaminhado que o técnico já entrou em contato com jogadores para reforçar o clube no que vem.
— Penso sempre na frente. Monto o grupo com o dinheiro que o clube tem. Não posso comprar filé mignon com R$ 10. Se puder contratar, se faça isso. Tenho um plano A, com um lista de jogadores que virão se eu estiver aqui. Dia 12, teremos um novo presidente. Vou entrar de férias, ele vai pegar um avião e vai ao Rio de Janeiro conversar comigo. São jogadores que querem vir. Falei com cinco ou seis nomes, e o torcedor vai gostar. Vou sentar com o presidente para definir minha situação — projetou.
O jogo, no entanto, é uma despedida para Romildo Bolzan. Após assumir como sucessor de Fábio Koff em 2015, o dirigente comandou o clube por um período de reestruturação. Saneou as contas ao promover uma profunda mudança no perfil de jogadores. Os nomes mais conhecidos foram negociados e a base ganhou protagonismo.
— Significa que não serei mais presidente na próxima ver que assistir o Grêmio. Vou seguir acompanhando todos jogos, mas esse jogo contra o Brusque é o fim de um ciclo – definiu.