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Morreu Olavo de Carvalho, pensador do conservadorismo e guru da direita no Brasil

O filósofo Olavo de Carvalho morreu na noite desta segunda-feira (24) aos 74 anos. A família do escritor confirmou a notícia nas redes sociais. Carvalho estava internado em um hospital de Richmond, no estado da Virgínia, nos Estados Unidos. A causa da morte não foi informada.

Várias lideranças bolsonaristas lamentaram a morte, inclusive o presidente Bolsonaro e seus filhos, além de inúmeros deputados e ministros. Olavo, afinal, foi chamado de “guru” deste governo. Na verdade, seu legado é mais profundo: ele foi um dos principais pensadores do conservadorismo brasileiro, e influenciou diversos nomes da direita nacional.

“Meu propósito não é mudar o rumo da história, mas atestar que nem todos estavam dormindo enquanto a história mudava de rumo”, escreveu Olavo.

Ele sabia que, ao apontar o dedo para mudanças revolucionárias que muitos idiotas tomam como avanço da modernidade, ele seria detestado por esses idiotas. “A canalhice é a ciência mais avançada do mundo atual – opera em escala global, inclusive – e o seu resultado é justamente a multiplicação de idiotas que jamais se dão conta de sê-lo”, escreveu.

A morte foi comunicada pela família nas redes sociais de Carvalho, mas a causa não foi revelada oficialmente. No entanto, na última mensagem na lista de Telegram do escritor, foi informado, no dia 15 de janeiro, que ele estava com Covid-19. No aviso, foi dito que Carvalho estava com a doença mas “já se recuperava”. Depois disso, nada mais foi publicado até o aviso da morte.

Quem foi Olavo

Autodidata, Olavo de Carvalho se interessou por literatura desde jovem. Adolescente, leu as obras completas de Dostoievsky, Dante, Tolstoi e Shakespeare. Abandonou a escola ainda no ensino fundamental, dizendo que os professores eram incapaz de acompanhar o seu nível.

Na juventude, chegou a se filiar ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), mas abandonou sua filiação dois anos depois. Na época também teve contato com um movimento dissidente do PCB, que se tornaria a Aliança Nacional Libertadora.

Começou a trabalhar como jornalista aos 17 anos, na Folha da Manhã e, depois, no Jornal da Tarde. Trabalhou em jornais até os 30 anos, quando abandonou as redações. Seguiu, porém, colaborando com os mais diversos veículos da imprensa brasileira.

Aos 30 anos, envolveu-se com a astrologia, inicialmente redigindo o curso de um psicólogo argentino sobre o tema. Ao se dedicar a estudar sobre o tema, deu aulas em cursos de extensão universitária e falava a respeito do assunto à imprensa. Alguns anos depois abandonou a área.

Sua migração do jornalismo para o campo intelectual se deu com mais ênfase a partir da década de 1990, com sua mudança para o Rio de Janeiro. Foram famosos os cursos ministrados por Olavo sobre história da Filosofia e Aristóteles na Casa de Cultura Laura Alvim. Na década de 1990 publica sua famosa trilogia: “A Nova Era e a Revolução Cultural” (1994), “O Jardim das Aflições” (1995) e “O Imbecil Coletivo” (1996).

Chegou a viver um tempo na Romênia, no fim dos anos 1990. Depois, retornou ao Brasil, vivendo novamente no Rio de Janeiro e, depois, em Curitiba, onde lecionou na Universidade Tuiuti do Paraná.

Olavo de Carvalho notabilizou-se como referência do conservadorismo brasileiro

Em 2002, fundou o site Mídia sem Máscara, que se tornou o primeiro veículo relevante na internet brasileira a refutar uma visão esquerdista da imprensa, reunindo nomes que se filiariam a um novo movimento do conservadorismo brasileiro.

Em 2005, mudou-se do Paraná para os Estados Unidos, passando a viver em Richmond, no interior do estado da Virgínia. Lá, pode dar vazão a um dos que se tornou seus principais hobbies, a caça.

Nos EUA, continuou colaborando com jornais brasileiros, notadamente O Globo, até sua demissão. Com o fim de sua coluna, passou a se dedicar com mais afinco ao curso de filosofia online, que ministrou até o fim da vida.

Repercussões

O presidente Jair Bolsonaro (PL) elogiou o filósofo nas redes sociais e lamentou sua morte. “Nos deixa hoje um dos maiores pensadores da história do nosso país, o Filósofo e Professor Olavo Luiz Pimentel de Carvalho. Olavo foi um gigante na luta pela liberdade e um farol para milhões de brasileiros. Seu exemplo e seus ensinamentos nos marcarão para sempre”, escreveu o chefe do Executivo no Twitter.

Ao fazer seu primeiro pronunciamento como presidente, Bolsonaro deixou à mostra quatro livros: a “Bíblia Sagrada”; a Constituição brasileira de 1988; “Memórias da Segunda Guerra Mundial”, de Winston Churchill; e “O Mínimo Que Você Precisa Saber Para Não Ser Um Idiota”, de Olavo de Carvalho. Entre as principais obras do autor, estão “O Imbecil Coletivo” e “O Jardim das Aflições”.

Uma das filhas se despediu

Uma das filhas de Carvalho, Heloísa, que tinha relação rompida com o pai, postou em sua rede social que o pai foi vítima da Covid-19. A família não confirmou a informação e a causa da morte oficial permanece não revelada.


 

Também no Twitter, a filha escreveu: “Que Deus perdoe ele de todas as maldades q cometeu” – e sobre as comemorações da morte de Olavo por parte de adversários políticos, disse: “Comemorar a morte de qualquer pessoa é assinar o atestado de total falta de humanidade, Deus tá vendo e eu também”.

 

“Todos os meus mortos queridos… eu não sinto saudade deles. Porque eles estão presentes, eles existem. Nada do que aconteceu ‘desacontece’. Aquilo que aconteceu aqui durante uma fração de segundo já está na eternidade, nunca mais volta ao não-ser”.

 – Olavo de Carvalho

Agro Dália

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