R$300 milhões é o prejuízo estimado pelas empresas do Vale do Taquari
Acesso a crédito, postergação de impostos, e renegociação de dívidas, indicando a urgência de apoio para recuperação econômica foram as necessidades imediatas elencadas pelos 1452 empresários de 19 municípios do Vale do Taquari no relatório prévio feito pelo gabinete de amparo aos negócios, formado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Sebrae e associações comerciais da região, aponta que a inundação de maio gerou prejuízos em negócios de todos os portes.
O prejuízo estimado superou os R$ 300 milhões. Os municípios com mais respostas foram Encantado, Lajeado e Arroio do Meio. No levantamento, a maioria dos negócios afetados são microempresas e microempreendedores individuais, com faturamentos anuais de até R$ 80 mil.
Em cima disso, os empresários apontaram como principais necessidades o acesso a crédito subsidiado e postergação de impostos. Cerca de 62,24% dos negócios foram muito impactados, e 40,84% conseguiram retomar as atividades. A catástrofe climática afetou a economia regional, com muitos negócios estimando um tempo de recuperação de até três meses.
Indústrias também foram seriamente atingidas e duas em especial decidiram desmembrar o parque fabril como é o caso da Carrer, severamente prejudicada nas duas maiores enchentes, que vai levar o incubatório que ficava no bairro Porto XV para o município de Teutônia. A empresa continua no município de Encantado, por exemplo, com a unidade na Linha Argola.
A empresa Fontana SA, que em outubro completa 90 anos, fez um pedido ao Município de Encantado por áreas ou pavilhões para transferir parte da unidade fabril para um local seguro. O que está definido, conforme o diretor Ricardo Fontana, é que a empresa vai tirar a produção de sabonetes da planta atual na Coronel Sobral e as negociações já estão bem adiantadas em local no município de Teutonia, destacando que a produção de oleoquimicos e produtos de limpeza permanecem em Encantado. Graças ao plano de contingência elaborado em setembro de 2023 e colocado em prática em 29 de abril deste ano, terão uma retomada mais rápida.
A propósito, várias empresas de Encantado tem depósito de seus produtos em Teutônia.
“Temíamos que fosse maior o número de estabelecimentos fechados”
A enchente atingiu um número maior de lojas em relação a setembro e novembro do ano passado. Algumas desistiram de reabrir suas portas, outras tantas mudaram de local, procuram um endereço nunca contemplado com enchente ou enxurrada.
Em Encantado, foram em maior número os comerciantes das ruas Tiradentes, Duque de Caxias e Padre Anchieta que trocaram de lugar. De acordo com o CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Encantado, aproximadamente 20% dos estabelecimentos comerciais foram atingidos pelas recentes inundações. Apesar dos desafios enfrentados, nenhum dos sócios da CDL fechou permanentemente seu estabelecimento e cerca de 5% optaram por mudar de endereço devido aos impactos sofridos.
Além disso, um levantamento conduzido pelo Sebrae e pela CIC do Vale revelou que todas as 351 empresas pesquisadas em Encantado foram afetadas de alguma maneira pela enchente, conforme relatado nos questionários preenchidos pelas empresas.
Em Muçum, a grande maioria dos comerciantes ainda não retornou aos seus locais tradicionais de atendimento, operando temporariamente em suas residências devido à preocupação com as chuvas intensas e o inverno.
Leonardo Bagnara, presidente do CDL, explicou que essa cautela é necessária diante das condições climáticas adversas. Até o momento, cinco comércios fecharam suas portas no município: dois mini mercados, uma padaria, uma loja de eletrodomésticos e uma loja de variedades. “Temíamos que o número de estabelecimentos fechados fosse maior. No entanto, é evidente que os comerciantes ainda acreditam na nossa cidade.”, comenta Bagnara.
A situação econômica da cidade também foi impactada pelo fechamento de comércios e demissões no setor industrial. “O Curtume Couros Bom Retiro, por exemplo, demitiu um número significativo de funcionários. No entanto, a ajuda do governo federal, embora considerada tardia, está ajudando a manter o restante dos trabalhadores empregados”, relata.
Para apoiar essa iniciativa “Recupera Muçum”, foi aberto um Pix institucional logo no início da crise. A arrecadação está próxima dos 100 mil reais, valor que será integralmente destinado ao projeto. Bagnara ressaltou que, apesar dos esforços, quase 90% do estado foi atingido, tornando a recuperação um desafio coletivo.
Em Roca Sales, 80% do comércio foi atingido pelas enchentes. A diferença entre setembro e maio é que, desta vez, a maioria dos lojistas conseguiu retirar suas mercadorias. Dados iniciais indicam que cerca de 10 empreendimentos, incluindo lojas de roupas e eletrodomésticos, fecharam suas portas. Além disso, alguns comerciantes, por conta própria, já começaram a construir e buscar novos espaços em outros locais após as perdas recentes.