O ex-governador José Ivo Sartori foi agraciado, na tarde desta terça-feira (19), com a Medalha do Mérito Farroupilha, a mais alta honraria concedida pelo Parlamento gaúcho. A homenagem, que foi uma iniciativa do deputado Carlos Búrigo (MDB), ocorreu no Teatro Dante Barone com a participação de lideranças políticas de diversas regiões e siglas partidárias, representantes de Poderes e de órgãos públicos, artistas, amigos e familiares do ex-governador.
O proponente da outorga traçou uma linha do tempo, ressaltando vários aspectos da trajetória política do ex-governador, desde o tempo em que participou do movimento estudantil, do ingresso no MDB e dos primeiros mandatos eletivos. Ao chegar no governo do Estado, destacou as mudanças estruturais promovidas por Sartori. “Como governador, implantou uma agenda de reformas e de modernização do Estado que continua evoluindo e gerando frutos, que serão colhidos ali na frente.”
Búrigo citou, como exemplos dos avanços obtidos na gestão do emedebista, a primeira Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual do Brasil, a extinção de órgãos estaduais que já haviam cumprido seu papel, criação do Acordo de Resultados, com metas e indicadores de desempenho na administração direta e indireta, a criação da previdência complementar e o enxugamento e modernização da máquina pública. Mencionou também a busca pelo equilíbrio fiscal e o esforço para investir em áreas sociais e estratégicas.
Legado
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gabriel Souza (MDB), disse que o ex-governador deixa como principal contribuição política a certeza de que o Estado pode ser mais moderno e mais eficiente. “Com o seu jeito simples e conhecendo a realidade dos gaúchos, o Gringo deu início a uma reestruturação do papel do Estado e da sua necessidade de atender às demandas que a sociedade possui nos dias atuais”, sintetizou.
Gabriel considera que Sartori deixa um legado de responsabilidade e compromisso social, “com senso de realidade e resgate do verdadeiro sentido do que possa ser o interesse público”. “Celebramos hoje a honestidade, a verdade, a simplicidade e a resiliência.”, pontuou, lembrando que o ex-governador rompeu com “a cultura do gigantismo estatal, das promessas demagógicas e da envelhecida ideia de que o Estado tudo pode”.
A atuação do ex-governador, segundo Gabriel, mostrou que o Estado deve estar simétrico com a sociedade de seu tempo. “Embora tenha sido mais um governo que passou pelo Palácio Piratini, foi o primeiro governo que enfrentou essa questão e apresentou as soluções visando a atualizar o Estado para o século XXI”, declarou, frisando que o governo Sartori inaugurou uma nova agenda política, ancorada na busca pelo equilíbrio fiscal, modernização da máquina pública e rediscussão do tamanho e das funções do Estado, com ênfase no debate sobre privatizações, concessões e parcerias público-privadas.
Agradecimentos
Emocionado, o ex-governador agradeceu a homenagem citando muitos dos amigos e correligionários que prestigiaram a cerimônia. Sartori afirmou que recebeu a honraria não como decorrência de mérito, mas do propósito que sempre norteou sua trajetória. “Uma vida pública só tem sentido se for para transformar a realidade das pessoas, especialmente, das que mais precisam”, pontuou.
Ele afirmou ainda que sua passagem pelo Palácio Piratini foi um período de aprendizado em que preferiu a “dureza da verdade do que a doçura da mentira embalada por palavras”. “Sabíamos que o caminho das mudanças estruturantes não se sustentaria com o marketing, mas com trabalho e o propósito que miramos lá na frente.”
Trajetória
José Ivo Sartori foi governador do Rio Grande do Sul entre 2015 e 2018, eleito com 3,8 milhões de votos (61,2% do total). A frente do Estado, trabalhou para reduzir o déficit público e aumentar investimentos na segurança, infraestrutura e áreas sociais.
Em 1976, concorreu pela primeira vez e foi eleito vereador em Caxias do Sul pelo MDB, partido ao qual pertence até hoje. Entre 1983 e 2002, exerceu cinco mandatos consecutivos no Parlamento gaúcho. Durante o governo de Pedro Simon, comandou a Secretaria Estadual do Trabalho e Bem-Estar Social, entre 1987 e 1988, quando, entre outras ações, atuou como mediador no conflito que ganhou o nome de A Revolta de Guajuviras, em Canoas.
Em 1998, foi presidente da Assembleia Legislativa, quando assumiu o governo do Estado em duas ocasiões. Em 2002, elegeu-se deputado federal. Foi prefeito reeleito de Caxias do Sul, entre 2005 e 2012.
Sartori é formado em Filosofia pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), foi professor universitário dessa disciplina, além de ter lecionado História, Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira.