A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso do medicamento Mounjaro (tirzepatida) para tratar a apneia obstrutiva do sono em adultos com obesidade. A decisão amplia as opções terapêuticas para a condição, associada a complicações cardiovasculares e metabólicas.
Nova indicação após testes clínicos
A aprovação da Anvisa foi baseada nos resultados do estudo internacional SURMOUNT-OSA, que demonstrou que o uso da tirzepatida promove redução significativa das interrupções respiratórias durante o sono e perda de peso expressiva entre pacientes com obesidade e apneia moderada a grave.
A apneia do sono é caracterizada por obstruções nas vias aéreas durante o sono, que comprometem a respiração e fragmentam o descanso, provocando roncos, cansaço excessivo e risco aumentado de doenças cardiovasculares.
— É uma ferramenta a mais que temos com validação científica para poder proporcionar a esses pacientes — afirma Tiago Teixeira Simon, presidente da regional gaúcha da Associação Brasileira do Sono.
Obesidade como principal fator de risco
A obesidade está entre os principais fatores de risco para a apneia. Segundo especialistas, a acumulação de gordura em estruturas do pescoço, como traqueia e laringe, estreita as vias respiratórias e favorece as pausas respiratórias noturnas.
Além do cansaço e da sonolência diurna, a apneia pode desencadear hipertensão, arritmias, infarto e AVCs, além de agravar quadros de obesidade, diabetes e insuficiência cardíaca, formando um ciclo vicioso, segundo especialistas.
Como age o Mounjaro
O efeito do Mounjaro não atua diretamente nas vias aéreas, mas sim na perda de peso, que reduz a compressão sobre o sistema respiratório. De acordo com médicos, pacientes que reduzem peso com a tirzepatida chegam a apresentar até 50% de redução no índice de apneia.
— Muitos pacientes que teriam indicação de CPAP deixam de precisar do aparelho após o uso do medicamento — afirma Simon.
O uso da tirzepatida, no entanto, não é indicado para pacientes com peso normal ou para casos de apneia causados por fatores anatômicos ou hereditários.
— É altamente discutível propor esse medicamento para quem não está obeso. A perda de peso é o principal efeito benéfico — ressalta Friedman.
Antes de iniciar o tratamento, médicos recomendam avaliação individualizada com especialistas em sono e endocrinologia.
