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Saúde

Estudo da vacina contra a dengue será concluído em 2024, após monitoramento de voluntários

Fase final dos testes contou com a participação de 700 pessoas, que foram recrutadas pelo Hospital São Lucas da PUCRS e pela Universidade Federal de Pelotas

O estudo da vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan deve ser concluído em janeiro de 2024, após o período de monitoramento dos voluntários. No total, 700 pessoas foram recrutadas pelo Hospital São Lucas (HSL) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) para participar da fase final dos testes.

Os voluntários desta última etapa começaram a receber suas injeções ainda em novembro de 2022, no Centro de Pesquisa Clínica (CPC) do HSL. De acordo com Fabiano Ramos, infectologista coordenador do estudo e diretor técnico da instituição, as aplicações foram finalizadas em janeiro deste ano. Os participantes são pessoas saudáveis, com idade entre 18 e 59 anos, que ainda não tiveram contato com o vírus da dengue:

— Recrutamos aqui 383 voluntários e eles recrutaram o restante, para fechar os 700. Então, finalizamos essa fase do estudo, agora tem o acompanhamento de um ano com todos esses voluntários. E aí temos até o final de janeiro do ano que vem para finalizar o estudo.

Ramos explica que os voluntários serão acompanhados por meio de consultas já programadas no HSL ao longo do ano. Além disso, em caso de febre que possa indicar suspeita de dengue os participantes precisam ir até o Centro de Pesquisa Clínica para que os especialistas coletem exames e avaliem se há infecção pelo vírus.

— Principalmente agora entre o final de fevereiro e início de março, até a metade do ano, é um período em que há possibilidade de um aumento de casos de dengue na população. Então, até o final de janeiro de 2024, todas essas pessoas estarão sendo acompanhadas para avaliar a eficácia da vacina nesta população — afirma o especialista.

Conforme o coordenador do estudo, a vacina foi desenvolvida a partir do vírus atenuado por meio de um estudo duplo-cego randomizado. Ramos ainda comenta que, a cada seis voluntários, um recebeu placebo — substância sem medicação. Contudo, os participantes só serão informados sobre os grupos em que foram inseridos no final da análise dos dados, prevista para 2024.

O especialista ressalta que esta regra vale para os voluntários de todo o Brasil que foram incluídos desde 2016, quando o estudo foi iniciado. Em Porto Alegre, cerca de 500 pessoas participaram da pesquisa neste período e já fizeram todo o acompanhamento. Elas só poderão saber se receberam vacina ou placebo no ano que vem.

Ao longo dos anos, 17 mil participantes foram incluídos no estudo, destaca Ramos. O médico aponta que a vacina contra a dengue já está bem avaliada em termos de segurança e eficácia. Mas agora o que está sendo avaliado é a eficiência do imunizante no grupo que não tem histórico prévio de infecção pelo vírus.

— Essa é uma das questões, mas principalmente porque agora a vacina está sendo produzida na fábrica do Butantan. Os esforços estavam desviados, por conta da pandemia, para a produção das vacinas contra a covid-19. Agora, voltamos a ter lotes produzidos lá e finalizamos o estudo com esses testes. É reta final mesmo, sem dúvidas uma boa notícia — diz.

Ramos reforça que chegar perto do fim do estudo é resultado de muito trabalho e esforço, e também da colaboração das pessoas que têm se voluntariado para participar das pesquisas, o que tem sido de extrema importância:

— Conseguimos novamente fazer um recrutamento em um tempo muito pequeno, com um número grande de pessoas. Foi fantástico. Sempre temos que agradecer às pessoas que têm acreditado na ciência e nessa busca por uma prevenção para uma doença que impacta tanto na vida das pessoas no Brasil e no mundo todo.

Segundo a última atualização do painel de monitoramento de arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde (SES), na terça-feira (14), o Rio Grande do Sul já registrou 136 casos confirmados de dengue em 2023. Desse total, 107 são autóctones. Em 2022, o Estado teve o pior ano endêmico em relação à doença, com 66.846 infectados e 66 óbitos.

Novo estudo em março

De acordo com Fabiano Ramos, um outro estudo com a mesma vacina deve ser realizado a partir de março deste ano, dando oportunidade às pessoas que se inscreveram, mas não foram chamadas anteriormente. A nova pesquisa do Instituto Butantan e da farmacêutica MSD, que fizeram uma parceria para a produção de vacinas, será menor, com pessoas de 18 a 50 anos, mas que também ainda não tiveram contato com o vírus da dengue.

— Devemos começar o recrutamento em março, mas o estudo que fizemos agora com o Butantan deve finalizar em janeiro do ano que vem, e a expectativa é que ainda em 2024 a vacina possa chegar para a população — finaliza o especialista.

Fonte
GZH
Agro Dália

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