Por meio da técnica de cocriação, uma estratégia que inclui o desenvolvimento de novos produtos ou serviços, levando em consideração as necessidades dos usuários, estudantes do curso de Fisioterapia da Universidade do Vale do Taquari – Univates, orientados pelas professoras Magali Quevedo Grave e Tania Fleig, desenvolveram dispositivos de tecnologia assistiva para auxiliar na aquisição de habilidades motoras e independência por crianças com necessidades especiais. Os dispositivos poderão ser usados por várias crianças que apresentam as mesmas necessidades.
As etapas envolveram a imersão na necessidade de cada criança, identificação da situação problema de cada um dos casos, o estudo das características da criança, a definição da necessidade, as hipóteses de solução, a proposta de produto e a testagem. Os recursos terapêuticos também devem estar alinhados às necessidades dos pacientes acompanhados pelo curso de Fisioterapia por meio da Clínica-Escola, no semestre 2021B, na área ambulatorial.
As estagiárias Bruna Melz e Rebeca Nelson desenvolveram um balanço terapêutico para favorecer a retificação da coluna vertebral, aquisição da posição sentada sem apoio, bem como o equilíbrio e sistema vestibular. Para esse dispositivo foram utilizados cabos de vassoura, canos de alumínio, madeira para o assento, cordas, almofadas e brinquedos. Os estagiários Francieli da Rosa e Henrique Pitana desenvolveram um andador para estimular a posição em pé e a marcha de crianças com distúrbios motores. Para isso, utilizaram canos de PVC e latas de leite forradas com EVA.
Conforme a professora Magali Quevedo Grave, uma das coordenadoras da atividade, os pais avaliaram positivamente os dispositivos e se mostraram empolgados com as ideias. Segundo a docente, o motivo é a facilidade de acesso aos materiais para replicar os recursos e a utilização no ambiente doméstico. Ao longo das atividades, os equipamentos são emprestados aos pais, na medida em que as crianças os utilizam. Após retornam para a clínica, podendo ser utilizados por outras crianças acompanhadas na clínica-escola.
“Normalmente os dispositivos comprados são bem mais caros e o uso de materiais alternativos e recicláveis, além de auxiliar os pais na aquisição, buscam a transformação sustentável”, explica Magali.
Magali observa que as crianças gostam muito dos recursos terapêuticos.
“Assim que disponibilizados, são utilizados por muitas crianças, de forma lúdica, de acordo com suas necessidades. Afinal, quem não gosta de um balanço ou de poder caminhar de forma autônoma com o auxílio de um andador que parece um carrinho de desenhos animados como na época dos Flintstones, não é mesmo?”, questiona a docente.
Nas imagens
No andador, de moletom branco com vermelho, está Afonso Stevens, que nasceu prematuro de 25 semanas e por isso teve comprometimentos neurológicos, como surdez bilateral profunda e paralisia cerebral; o outro menino no andador é Murilo Scheibel, que tem Síndrome de Down. A menina é Anissa Luana da Rosa, diagnosticada com mielomeningocele, uma deformidade na medula espinhal que acaba dificultando a aquisição de posições antigravitárias.