#Flores.ser | O Efêmero e o Sagrado
O ato da escrita abrange as diversas questões envolvidas no exercício da exposição do pensamento. Expor sua ótica e percepções a respeito do mundo e da vida estabelece diálogos… abre espaços para que o outro, através da minha escrita, passe a enxergar, escutar e ler meus pensamentos. Shopenhauer, um dos mais importantes filósofos alemães, no livro: A arte de escrever, traduzido e organizado por Pedro Sussekind, se debruça a refletir sobre os elementos da escrita em específico sobre: estilo, a escrita, pensamento próprio. O que me inspira a este exercício de desnudar-me e expor meus pensamentos.
Um dos momentos de maior alegria e felicidades (sim, foram muitas) se deram na minha infância, foi neste período da minha vida que salvaguardei às maiores memórias de ternura, alegria, carinho, afeto, zelo, amor e seus reais significados de cada uma dessas palavras- sentimentos. A infância traz comigo também o sentimento de efemeridade, ou seja, a brevidade das coisas. No entanto, este período de grande coleção de laços afetivos me ressalta a pertinência do olhar que devemos ter para com nossas crianças, que são diariamente afetadas na nossa relação com as mesmas.
Não consigo falar das infâncias de cada criança, mas reflito a partir da criança que fui, dos laços que construí e os adultos que me afetaram verdadeiramente e passaram a habitar meu imaginário e minhas lindas memórias, que salvaguardei em meu museu de afetos. Aqueles que fazem parte de minha coleção, são os que me deram, o que mais de precioso pode ser dado a uma criança, o seu tempo.
Doar-se a uma criança significa estabelecer um diálogo com este universo tão particular e com demandas tão específicas que é a infância. Lugar este, onde não podem faltar amor, respeito, seriedade, zelo, olhar atento e afetuoso. Ser criança é Ser sagrado! E sagrado, deve ser às formas com que lidamos com as coisas e as pessoas. Podemos até falhar com elas, mas que seja pelo excesso de zelo e não pela falta do mesmo. Que possamos honrar nossas crianças e também aquela que um dia habitou em nós.