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150 anos da Imigração italiana no Brasil

Há 150 anos, em 17 de fevereiro de 1874, o navio La Sofia trouxe 388 imigrantes italianos ao porto de Vitória, no Espírito Santo, marcando o início da imigração italiana no Brasil. Até 1920, cerca de 3,3 milhões de italianos chegaram, representando 42% do total de imigrantes. Os italianos desembarcaram quatro dias depois, em 21 de fevereiro, devido aos procedimentos de quarentena, estabelecendo o Dia Nacional do Imigrante Italiano no Brasil.

Após a Segunda Guerra Mundial em 1949, o pai do encantadense Sergio Lourenço Seppi (70), imigrou para Encantado, no Rio Grande do Sul, como parte de um programa brasileiro para receber operários europeus. Seu pai, Silvio Seppi, firmou contrato com a empresa J. B. Marchese & Cia. Ltda para trabalhar na construção do Frigorífico da Cooperativa Dália. Sergio menciona a adaptação tranquila de sua família em Encantado, uma comunidade majoritariamente composta por descendentes de imigrantes italianos.

Helena De Nes casou com o imigrante italiano Silvio Seppi, tiveram três filhos: Sérgio, Silvano e Carla. O patriarca veio para Encantado para trabalhar na Dália, onde permaneceu até sua aposentadoria. Está sepultado em Encantado.

 “Meu pai casou com a neta de italianos, Maria Helena De Nez, tendo três filhos: eu, Silvano e Carla (in memoriam). Retornou à Itália em 1972, para rever a mãe Catherina e demais familiares. Sua adaptação à cidade foi tranquila, porque era uma comunidade colonizada por imigrantes italianos em sua maioria descendentes das Provincias do Veneto”, relembra Sergio.

Nesta imigração quatro italianos constituíram suas famílias: Silvio Seppi, Victorino Seppi, Remo Murer e Antonio Tormena. Alguns de seus familiares ainda residem em Encantado.

 “Na Itália, ainda temos tios e primos. Recentemente, estive visitando-os, e eles acompanham tudo sobre o Brasil, nosso desenvolvimento e problemas”, comenta.

HERANÇA

Sergio destaca que o legado dos imigrantes italianos no Brasil é reconhecido como altamente positivo, impulsionando o sucesso econômico da região com seu espírito empreendedor e ética de trabalho. Sua influência na culinária brasileira é notável, com pratos como espaguete, nhoque, tortei, capeletti e polenta, além do churrasco que incorpora elementos italianos. O vinho, além de uma bebida, é um símbolo de amor trazido pelos imigrantes.

“Vinho é um capítulo especial. Vinho não é apenas uma bebida, mas um culto. Para os italianos “il vino è un pensiero d’amore” (o vinho é um pensamento de amor). Os imigrantes trouxeram as mudas de videiras e a produção de vinhos, que hoje se expandiu além do Vale dos Vinhedos (Bento Gonçalves)”.

MÚSICA

Na música, o sucesso do tenor Andrea Bocelli segue a tradição, pois as principais óperas ainda são de autores italianos como Verdi, Rossini, Puccini, Leoncavallo e Mascagni, e tenores Enrico Caruso, e depois Luciano Pavarotti. Em 1958, o Festival de Sanremo consagrou Domenico Modugno, com a música Nel Blu Dipinto di Blu (Volare) promovendo uma revolução na música romântica, com os italianos vendendo mais discos que Beatles e Rolling Stones. Cantores como Gianni Morandi, Bobby Solo, Jimmy Fontana, Pino Donaggio, Rita Pavone, Gino Pauli, Luigi Tenco, entre outros. Atualmente, os mais conhecidos são Zucchero, Eros Ramazotti e Laura Pausini.

“Em 1968, nosso Roberto Carlos foi o primeiro estrangeiro a vencer Sanremo com a música Canzone Per Te, de Sergio Endrigo, o que deu mais visibilidade para a italianidade no Brasil”.

Outras influências dos italianos foram às formações dos nossos corais.

MUSEUS E IGREJAS

Toda a Itália é um museu a céu aberto, com uma profusão de museus e igrejas. Esta religiosidade influenciou a vida e a organização das comunidades, tendo a Igreja como o centro. Nas igrejas as pessoas se concentravam para rezar e confraternizar, e onde começaram muitos casamentos e famílias. E a consolidação de museus que reproduzem a vida das nossas populações.

Para se entender este contexto, é preciso consciência da importância da Congregação dos Scalabrinianos, fundada pelo monsenhor João Batista Scalabrini. Esta instituição foi fundamental no apoio aos imigrantes que foram jogados à própria sorte por seu País. A evangelização do monsenhor Scalabrini foi essencial, inclusive politicamente. Depois de visitar o Brasil, passando por Encantado em 1902 – viajando num jumento – retornou à Itália e pressionou o Vaticano para interceder junto ao Governo da Itália, por ajuda aos imigrantes. A partir destas ações a Itália começou a atender os imigrantes, iniciando inclusive a implantação dos Consulados.

NEGATIVO

Embora haja uma herança positiva da imigração italiana, como o espírito empreendedor e contribuições culturais, também há aspectos negativos, como a associação à máfia, especialmente nos Estados Unidos.

“Nem tudo é positivo, quantas vezes ouvimos ‘aquilo é uma máfia’, organização nascida e exportada do Sul da Itália e que ainda hoje está presente no País”.

Apesar disso, é motivo de orgulho para os descendentes italianos e de outros povos contribuírem para a vida brasileira.

“Em seus 150 anos de imigração italiana, é importante reconhecer tanto as influências positivas quanto as negativas. Devemos nos orgulhar de nossa ascendência italiana, assim como de outras origens étnicas que contribuíram para a formação do Brasil. Acima de tudo, devemos ter orgulho de sermos brasileiros e reconhecer as oportunidades que o país nos oferece, apesar dos desafios”, finaliza Seppi.

 

Agro Dália

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