Brasil integra projeto de supertelescópio para mapear céu por dez anos
O supertelescópio do projeto Legacy Survey of Space and Time (LSST) está prestes a iniciar sua fase operacional, marcando um dos empreendimentos mais ambiciosos da astronomia moderna. Ao longo de dez anos, o equipamento, instalado em Cerro Pachón, Chile, mapeará o céu do Hemisfério Sul, fornecendo dados valiosos para a comunidade científica global.
O Brasil integra a parceria internacional de US$ 1 bilhão, ao lado dos EUA, Chile e outros 43 grupos de pesquisa de 28 países. O acordo de cooperação, válido até 2038, foi firmado entre o Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LineA) e o SLAC National Accelerator Laboratory, dos EUA. A colaboração garantirá a participação de 170 brasileiros, incluindo jovens pesquisadores, estudantes e técnicos de 26 instituições de ensino em 12 estados.
O supertelescópio, com 8,4 metros de diâmetro e equipado com a maior câmera digital do mundo, de 3,2 bilhões de pixels, representará um avanço monumental na observação do Universo. O Observatório Vera C. Rubin lidera o projeto, que realizará um levantamento fotométrico do Hemisfério Sul, capturando imagens de alta resolução com seis diferentes filtros de cores. Em dez anos, cada posição será observada mil vezes, produzindo um filme do Universo sem precedentes.
O Brasil será responsável pela gestão de um centro de dados para armazenamento e processamento das informações geradas pelo LSST. O centro, conhecido como Independent Data Access Center (IDAC), foi implantado pelo LineA em 2021 e fará parte de uma rede internacional. A expectativa é produzir um catálogo com até 37 bilhões de objetos em dez anos.
O diretor do LineA, Luiz Nicolaci da Costa, destaca que dados estarão disponíveis ainda no segundo semestre deste ano. “Os jovens pesquisadores terão acesso privilegiado aos dados e poderão fazer ciência de qualidade. Esse projeto é único e representa uma mudança de paradigma, ao explorar um volume do universo gigantesco, sem precedentes”, afirmou.
O LSST promete não apenas ampliar a compreensão do Universo, mas também redefinir a análise e interpretação dos dados astronômicos. A iniciativa permitirá ao Brasil avançar em soluções computacionais e no campo da inteligência artificial, conforme ressalta o diretor do LineA.