#CaliSchäffer | O diário de um louco
Nikolai Gogol (1809-1852) foi um escritor russo. Dentre suas obras importantes destaca-se uma novela que leva o título de “Diário de um Louco”.
Gogol era filho de um pequeno agricultor. Com 12 anos foi estudar na cidade. Aos 16 perdeu o pai e aos 19 mudou-se para São Petersburgo. Ali arrumou um emprego no escritório de um ministério.
Lá pelo ano de 1835 decidiu abandonar a universidade para se dedicar exclusivamente à literatura. Foi nesse ano em que ele publicou o “Diário de um Louco”.
Nele, conta a história de um funcionário público de um ministério qualquer, que escrevia um diário, no qual se evidencia como a identidade de uma pessoa atormentada vai se deteriorando com uma rapidez e intensidade impressionante no decorrer do tempo.
No início vemos o personagem falando sobre o seu trabalho burocrático no escritório. Tudo parece normal e corriqueiro, mas com o passar dos dias a coisa vai degringolando, e a degradação da psique dele vai se tornando evidente. Lá pelas tantas constata-se que o protagonista passa a demonstrar certo espírito de grandeza, passa a se achar um ser superior, que as pessoas do seu círculo estão abaixo da sua estirpe social.
O tempo vai passando, e o declínio mental vai piorando. Os dias começam a ser anotados com nomes estranhos; a sequência das datas e dos acontecimentos não têm mais lógica, por exemplo: janeiro do mesmo ano aparece depois de fevereiro, ele escreve “Dia 86 de Marcembro”, e daí por diante a coisa toda desmoronou completamente.
Ele começa a registrar no Diário que é o rei da Espanha. É que ele leu em alguma reportagem que o rei da Espanha falecera, que estava para ser entronado o novo rei, e anotou que era ele o novo rei. Pirou de vez.
Quando o tiraram do escritório para encaminhá-lo ao hospício imaginou que o estavam levando para ser apresentado à Corte onde seria coroado. Ficou chateado e não queria ir porque até aquele momento, para ele importantíssimo, ainda não haviam chegado os representantes da Corte espanhola, que ele esperava apareceriam a qualquer momento.
Embora este o livro tenha sido escrito em 1835 e conte a história de um homem comum, um funcionário público de um ministério qualquer que enlouquece e passa a imaginar ser um rei todo poderoso, passados tantos anos, pelo mundo inteiro ainda existem homens assim, orgulhosos e arrogantes, que enfurnados em seus gabinetes pensam que são os donos do mundo, deuses que detém todo o poder e podem menosprezar as pessoas comuns que estão abaixo da sua atual grandeza imaginária. Não leram este livro, não conhecem História, não aprenderam nada. E esquecem que o poder, por maior que seja, sempre acaba um dia.
Proprieschew – era esse o nome do figurante do conto de Gogol – terminou seus dias internado no hospício, implorando pela presença da mãe para tirá-lo de lá.