Fecomércio-RS projeta crescimento nas vendas de Páscoa, apesar de alta nos preços
Entidade aponta melhora no mercado de trabalho, mas inflação e custo do chocolate devem limitar consumo

A Fecomércio-RS projeta crescimento moderado nas vendas de Páscoa em 2025 no Rio Grande do Sul, mesmo diante de um cenário econômico desafiador. A entidade aposta na recuperação do mercado de trabalho como fator de sustentação, embora reconheça os efeitos negativos da inflação, dos juros altos e da elevação dos preços do chocolate sobre o consumo.
Segundo o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, apesar da melhora na renda com o avanço do emprego e das transferências sociais, o cenário de alta nos preços dos alimentos e do chocolate em especial deve exigir cautela tanto dos consumidores quanto dos lojistas.
“Esperamos que as vendas cresçam, mas o cenário para a data conta com um impulso limitado. Temos um suporte importante na renda, mas também inflação, cautela do consumidor e aumento no preço do chocolate”, avaliou Bohn.
Mercado de trabalho impulsiona, mas inflação pesa
Dados recentes mostram que, no último trimestre de 2024, o Rio Grande do Sul teve:
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Crescimento de 9,6% na massa real de salários
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Queda de 0,7 ponto percentual na taxa de desocupação
Em contrapartida, a inflação dos alimentos acumulou alta de 7,42% em 12 meses, enquanto o chocolate subiu 18,51% no mesmo período, pressionado pela valorização do cacau no mercado internacional. A indústria, segundo a Fecomércio, tem buscado alternativas para evitar o repasse integral desses aumentos ao consumidor.
“A alta do custo da matéria-prima impacta diretamente os preços finais dos produtos mais tradicionais da Páscoa, como os ovos de chocolate”, destacou o dirigente.
Diversificação para atrair o consumidor
A entidade prevê uma maior diversidade de formatos, tamanhos e composições dos produtos pascais como estratégia dos fabricantes para manter a atratividade das mercadorias em meio à pressão de custos.
No crédito, a taxa básica de juros (Selic) em patamar elevado restringe o acesso das famílias ao financiamento, o que deve reduzir compras parceladas. Ainda assim, o índice de inadimplência caiu, com 30% das famílias com contas atrasadas em fevereiro de 2025, frente aos 37,7% em fevereiro de 2024.
Cautela do consumidor exige preparo do varejo
Apesar da leve melhora nos indicadores econômicos, a confiança do consumidor permanece em níveis baixos, o que deve levar os compradores a priorizarem produtos com preços mais acessíveis.
“O consumidor está mais atento aos preços e busca opções que caibam no orçamento. Os varejistas precisam estar preparados para atender essa demanda com variedade e condições compatíveis com a realidade financeira dos clientes”, concluiu Bohn.