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O “anjo” que patrulha a ponte com mais suicídios do mundo

Há 22 anos, Chen Si dedica seus fins de semana a evitar tragédias na ponte de Nanjing, na China, onde já salvou mais de 400 pessoas de tirar a própria vida.

Em manhãs cinzentas ou chuvosas, é comum ver Chen Si caminhando sozinho pela ponte de Nanjing, sobre o rio Yangtze, no leste da China. Com um cigarro na mão e um cantil de chá na outra, ele observa discretamente cada pedestre. Sua missão é clara: convencer pessoas em desespero a não se jogar no rio que corre turbulento sob a ponte.

A rotina voluntária começou quando, aos 22 anos, Chen salvou uma jovem prestes a se jogar no vazio. A experiência marcou sua vida e o levou a dedicar todos os fins de semana a patrulhar o local. Hoje, estima ter impedido 412 suicídios. Por isso, ficou conhecido como “Anjo de Nanjing”, embora ele mesmo rejeite o título:

“Não sou um anjo. Tento apenas trazer um pouco de luz para quem está no escuro”, disse em entrevista à AFP.

A ponte com um triste recorde

Inaugurada em 1968 como orgulho da engenharia chinesa, a ponte de Nanjing passou a carregar um recorde menos nobre: o de maior número de suicídios do mundo, superando a ponte Golden Gate, em São Francisco. Autoridades locais estimam que mais de 3 mil pessoas tenham perdido a vida ali, muitas delas desaparecendo sem deixar vestígios.

Vida dedicada a salvar vidas

Chen Si se identifica com aqueles que ajuda. Filho de uma família pobre e trabalhador migrante, entende as dificuldades de quem foi deixado à margem do crescimento econômico chinês.

“Explico a eles que também sou uma pessoa comum. Que todos temos problemas e que eles podem superá-los”, conta Chen, que gosta de ler Freud e estudar psicologia.

Nem todos os encontros terminam bem, e ele admite carregar o peso dessas histórias. Para aliviar, costuma visitar templos e recebe apoio de voluntários, muitos deles estudantes de psicologia que orienta pessoalmente. Ele também abriu um pequeno quarto próximo à ponte para abrigar temporariamente pessoas em crise que não têm para onde ir.

Mesmo com a queda registrada nas taxas de suicídio no país nos últimos anos, Chen diz não perceber diferença na ponte de Nanjing. Para ele, ainda há muito trabalho a fazer.

“Não posso salvar todos. Quando está além das minhas forças, eu os deixo nas mãos dos deuses”, afirmou.

Chen Si continua a patrulhar a ponte todos os fins de semana, sem planos de parar, enquanto houver alguém precisando de um gesto de esperança diante do desespero.

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