#PaginaTrês | 41 anos

Entre letras recortadas à mão e a revolução digital, seguimos firmes: ética, verdade e compromisso com a comunidade. Porque jornalismo não é espetáculo, é responsabilidade.
Neste domingo, 21 de setembro, o Força do Vale completa 41 anos de circulação ininterrupta. Uma trajetória que nasceu em tempos analógicos, quando se recortavam letras para compor textos, fotos eram reveladas em preto e branco no laboratório improvisado dentro da redação, e as manchetes se faziam letra por letra, manualmente. A maior parte das entrevistas era realizada frente a frente, olhos nos olhos, e havia critérios claros e rigorosos para definir o que era notícia. Existia o corretor humano, que revisava, que questionava, que ajudava a lapidar cada palavra.
Quarenta e um anos depois, vivemos em um ambiente radicalmente diferente. As redes sociais transformaram a comunicação, democratizaram a informação, mas também banalizaram o conceito de notícia. Hoje, qualquer fato, gesto ou opinião ganha holofotes instantâneos, muitas vezes sem filtro, sem contexto, sem responsabilidade. O resultado? Desinformação em larga escala, superficialidade, estragos irreversíveis na reputação de pessoas e instituições.
Nesse cenário, o jornal impresso se tornou raridade. Muitos, infelizmente, ficaram pelo caminho. Os que resistem — como nós — vivem na corda bamba, enfrentando diariamente a tentação do conteúdo fácil e a pressão do imediatismo. Mas seguimos, porque acreditamos que jornalismo não é barulho, é serviço público; não é espetáculo, é responsabilidade.
Ao longo dessas mais de quatro décadas, o Força do Vale foi testemunha e protagonista da história de Encantado e do Vale do Taquari. Registramos enchentes, crises políticas, tragédias, mas também conquistas, festas, histórias de superação e desenvolvimento. Seguimos comprometidos com o que sempre foi nossa essência: ética, verdade e relevância.
“Nos viramos nos 30” para acompanhar a rápida evolução tecnológica e a ela nos adaptamos. Hoje, contamos também com o apoio de novas ferramentas — como a inteligência artificial — que nos auxilia na apuração de dados, na organização de informações, na produção de gráficos e até na sugestão de pautas. Mas é importante dizer: nenhum algoritmo substitui o olhar humano do jornalista. A tecnologia soma, mas não define. O que define é a responsabilidade de assinar cada linha publicada, cada post propagado nas redes sociais.
No ano passado, aderimos aos podcasts, investindo em um estúdio de TV e, assim, levando a informação com som e imagem. Chegar aos 41 anos não é apenas celebrar o passado. É reafirmar a convicção de que o jornalismo, mesmo em meio a tantas transformações, ainda tem um papel insubstituível: ser memória, ser crítica, ser farol. É lutar contra a avalanche de superficialidade que tenta nos arrastar e manter acesa a chama do conteúdo que importa.
O Força do Vale não é apenas um jornal. É parte da identidade desta região. É um compromisso assumido diariamente com cada leitor. É a prova de que ainda existe espaço para a palavra com responsabilidade, para a notícia com critério, para o jornalismo com alma. E enquanto houver comunidade, haverá a necessidade de quem conte suas histórias com seriedade. Essa é a nossa missão, ontem, hoje e amanhã.