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#RaquelCadore | Quando nem tudo precisa ser dito

Há dias em que a urgência de falar nos atravessa. Explicar, justificar, esclarecer, como se a palavra fosse a chave para abrir o que o outro não quer ver. Falar tudo não é o mesmo que comunicar com verdade. A comunicação consciente nasce do respeito: por nós, pelo outro e pelo espaço que há entre uma escuta e uma resposta. Quando deixamos a emoção dominar o discurso, arriscamos transformar o diálogo em disputa, e quando respiramos, abrimos caminho para o encontro. Não é omitir; é escolher o essencial: palavras que constroem. Comunicamos assertivamente quando escolhemos clareza e não indiretas, quando não manipulamos o sentido, quando não buscamos aliados para reforçar o próprio ponto de vista. É olhar nos olhos e sustentar o que precisa ser dito. Os conflitos fazem parte da vida, e quando são atravessados com consciência, tornam-se portais de crescimento. É nesse espaço entre o que me dói e o que posso aprender que nascem relacionamentos mais maduros, amizades mais sólidas e acordos mais justos. Há uma sabedoria silenciosa em não dizer tudo; a presença é o idioma mais profundo da alma e comunica o que a voz não alcança. O essencial, quando chega limpo, e o silêncio, quando é presença, dizem o que a voz não alcança. Comunicar-se bem não é vencer uma conversa, é permitir que a relação sobreviva a ela, deixando espaço para o que pode vir. No trabalho, onde ideias colidem e o tempo aperta, a comunicação é vital. Algumas situações pedem resposta, outras, pausa. Pausa reorganiza o pensamento e devolve lugar à escuta. Em equipes, clareza vale mais que razão. O foco deixa de ser “quem vence” e passa a ser “como seguimos melhor juntos”. Escutar é abrir espaço, é suportar o silêncio do outro sem querer corrigi-lo. Falar demais pode ser controle disfarçado. Comunicação é menos sobre informar e mais sobre gerar conexão e compreensão. Verdade sem delicadeza fere; delicadeza sem verdade omite. Nem sempre é preciso dizer tudo, mas tudo o que for dito deve vir do melhor de nós: presença e clareza. Quando há presença, até o silêncio vira palavra.

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