Últimas ararinhas-azuis livres no país testam positivo para vírus fatal
ICMBio confirma contaminação das 11 aves reintroduzidas na natureza; espécie segue existindo apenas em cativeiro

As 11 ararinhas-azuis que viviam soltas na Bahia testaram positivo para circovírus, doença sem cura e geralmente fatal para psitacídeos, segundo o ICMBio. Essas aves faziam parte do programa de reintrodução e eram as únicas representantes da espécie em vida livre no Brasil.
A ararinha-azul está extinta na natureza desde 2020, mas ainda existe em cativeiro no Brasil e no exterior, mantida em criadouros e centros de reprodução. As aves contaminadas eram resultado de um desses esforços e haviam sido repatriadas da Europa antes do processo de soltura.
Testes e diagnóstico
As ararinhas estavam sob manejo no criadouro da empresa Blue Sky, na Bahia, quando uma decisão judicial determinou a recaptura dos animais. Após exames, todas apresentaram infecção pelo circovírus, agente responsável pela doença do bico e das penas, que provoca perda de plumagem e deformações — quadro sem tratamento eficaz.
Não há risco de transmissão para humanos.
Falhas sanitárias e multa
O ICMBio identificou falhas na biossegurança do criadouro, como viveiros sujos, comedouros inadequados e ausência de equipamentos de proteção para funcionários. A fiscalização concluiu que não houve isolamento adequado de aves suspeitas, favorecendo a disseminação do vírus entre todos os indivíduos.
A empresa recebeu multa de R$ 1,8 milhão.
“Se as medidas de biossegurança tivessem sido implementadas com rigor, talvez não tivéssemos saído de um animal positivo para 11”, disse Cláudia Sacramento, do ICMBio.
A origem da contaminação ainda é apurada. O circovírus não é comum na região, mas ocorre com maior frequência em populações de psitacídeos na Austrália.
Consequências para a espécie
Com o diagnóstico, as 11 ararinhas não poderão retornar à natureza. O ICMBio mantém os indivíduos sob acompanhamento e monitora a área para evitar impactos sobre outras espécies de psitacídeos.
A espécie segue representada apenas por exemplares em cativeiro, fundamentais para manter projetos de reprodução e possível reintrodução futura.






