Após dois dias de fogo, incêndio em arranha-céus de Hong Kong deixa 128 mortos
Fogo durou dois dias, atingiu sete torres residenciais e deixou mais de 200 desaparecidos; alarmes falharam e três funcionários da construtora foram presos.

Os bombeiros de Hong Kong encerraram nesta sexta-feira (28) o combate ao incêndio que devastou um conjunto de arranha-céus e deixou 128 mortos, no episódio mais letal registrado na cidade em mais de três décadas. O fogo começou na quarta-feira e ainda há mais de 200 pessoas desaparecidas, segundo autoridades.
Resgate concluído após dois dias de operação
O governo informou que as chamas foram declaradas “amplamente extintas” às 10h18 no horário local. As equipes encerraram o trabalho de combate, mas mantêm buscas internas pelos desaparecidos.
Do total de feridos, 79 moradores receberam atendimento médico, e 12 bombeiros ficaram machucados — um deles em estado grave.
O incêndio se espalhou rapidamente pelas sete torres de 31 andares que compõem o conjunto residencial, tornando-se o pior desastre do tipo desde os anos 1990. Uma das oito torres do complexo permaneceu intacta.
Falha em alarmes e prisões de responsáveis pela obra
Autoridades confirmaram que alarmas de incêndio apresentavam defeitos nos prédios.
Três funcionários da empresa responsável por reformas no complexo foram presos por suspeita de homicídio culposo, acusação aplicada em casos em que não há intenção de matar, mas há negligência grave.
A superintendente Eileen Chung afirmou que as telas de construção usadas nas obras não atendiam às normas de segurança, favorecendo a propagação das chamas. Andaimes de bambu e estruturas temporárias feitas com material inflamável também contribuíram para o avanço do fogo.
Busca em escritórios da construtora
Na quinta-feira (27), policiais buscaram documentos no escritório da Prestige Construction & Engineering Company, identificada como responsável pelas reformas.
De acordo com a imprensa local, caixas com registros e materiais técnicos foram apreendidas para investigação.
Temperatura interna impediu resgate imediato
O Corpo de Bombeiros relatou dificuldade para entrar nos prédios devido à temperatura extremamente alta.
Equipes especializadas precisaram atuar em ciclos curtos, o que atrasou o avanço até os andares superiores.
O condomínio atende a cerca de 4,6 mil moradores distribuídos em aproximadamente 2 mil apartamentos, segundo dados oficiais de 2021.
Rodovias e linhas de ônibus foram bloqueadas
Durante o combate, uma seção da rodovia Tai Po foi fechada, e rotas de transporte público tiveram desvios. Dois quarteirões vizinhos ao complexo chegaram a ser isolados por segurança.
Histórico de incêndios e uso de andaimes
Hong Kong registra episódios recorrentes de incêndios em prédios altos.
O último desastre de grande impacto ocorreu em 1996, quando 41 pessoas morreram em um fogo causado durante reformas internas.
O uso de andaimes de bambu, tradicional no território, tem sido reduzido após registros de acidentes recentes — incluindo ao menos três incêndios envolvendo esse tipo de estrutura somente neste ano.






