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Famurs divulga carta aberta ao governo federal por socorro a agricultores endividados no RS

Entidades pedem alongamento de dívidas com juros controlados após perdas causadas por estiagens e enchentes

A Famurs (Federação das Associações de Municípios do RS) divulgou nesta segunda-feira (16) uma carta aberta com uma série de demandas emergenciais ao governo federal. O objetivo é buscar soluções para o crescente endividamento de agricultores no Rio Grande do Sul, provocado por sucessivas estiagens e enchentes desde 2020.

O documento é assinado também por Farsul, Fetag-RS e Fecoagro e foi apresentado durante um ato que reuniu prefeitos, parlamentares e representantes do governo estadual.

Principais reivindicações

Entre as medidas solicitadas pelas entidades estão:

  • Alongamento das dívidas rurais por 20 a 25 anos, com juros limitados a 3% ao ano.

  • Transformação das dívidas em títulos garantidos pelo Tesouro Nacional.

  • Inclusão de dívidas já renegociadas ou judicializadas, com teto de R$ 5 milhões por CPF.

  • Criação de um Fundo Garantidor das Dívidas Rurais, com recursos de fundos constitucionais e sociais.

  • Linhas de crédito especiais para recuperação de solo e sistemas de irrigação.

  • Suspensão de execuções judiciais e negativações por 180 dias.

  • Moratória tributária por 6 meses para tributos como INSS, ITR e IRPF rural.

  • Ampliação dos limites do Proagro e do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

  • Criação de uma linha de crédito emergencial com juros de até 3% ao ano.

Prejuízos e contexto

A dívida dos produtores rurais gaúchos com vencimento em 2025 ultrapassa R$ 28 bilhões. Apenas em 2024, as enchentes geraram prejuízos de R$ 12,2 bilhões, sendo R$ 4,1 bilhões na agricultura. Desde 2020, o RS soma 2.895 decretos de emergência ou calamidade pública reconhecidos pela União, e o total de perdas agrícolas no período é estimado em R$ 92,6 bilhões.

Declarações

A presidente da Famurs, Adriane Perin de Oliveira, reforçou que a proposta não se trata de perdão da dívida, mas de viabilizar a permanência dos agricultores no campo:

“O caminho é o alongamento das dívidas, que não é perdão. É a única forma de garantir a continuidade da produção e dos municípios.”

O governador Eduardo Leite também manifestou preocupação:

“Nenhum estado brasileiro viveu o que o Rio Grande está passando nos últimos anos. Precisamos levar a Brasília a percepção de que a dor é verdadeira e merece ações concretas.”

Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS, foi direto:

“Entregamos uma proposta em fevereiro. Até agora, o governo federal não apresentou nenhuma contraproposta. Falta vontade política.”

Próximos passos

As entidades devem intensificar a pressão em Brasília nos próximos dias, buscando apoio para que parte dos recursos do Fundo Social (originado dos royalties do petróleo) seja utilizada para atender a emergência agrícola no estado. A Famurs também disponibilizou um relatório técnico para orientar os prefeitos sobre os impactos econômicos e sociais do endividamento rural.

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