#CaliSchäffer | Nunca perca a oportunidade
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839 e ali faleceu em 29 de setembro de 1908. Era de uma família pobre. Seu pai pintava paredes e sua mãe era lavadeira. Descendia de escravos libertos. Seus pais viviam na chácara do falecido senador Bento Barroso Pereira. A mãe era protegida da dona da casa, D. Maria José Pereira, que gostava deles. Sua mãe faleceu quando ele tinha 9 anos e seu pai casou novamente em 1854. Sua madrasta, que era doceira, o tratava muito bem, foi sua segunda mãe e o levava à escola para assistir algumas aulas.
Aos 12 ficou órfão do pai. Mal estudou o nível primário em escolas públicas e nunca frequentou universidade. Foi um autodidata que venceu na vida por conta própria.
Machado de Assis era pobre, mulato, gago, sofria de epilepsia e quando criança ajudava sua madrasta vendendo doces na rua. Aprendeu francês com a proprietária da padaria onde pegava pão.
Com 15 anos incompletos começou a trabalhar como aprendiz com Francisco de Paula Brito, que lhe deu apoio e era dono de uma livraria, do jornal e da tipografia da cidade.
Em 12 de novembro de 1869 casou-se com Carolina Augsuta de Novais, senhora portuguesa que o admirava muito e o ajudava nos manuscritos, fazendo correções e alteração nos textos. O casamento durou 35 anos, até a morte da esposa.
Estes fatos históricos sobre Machado de Assis são conhecidos, mas faço questão de lembrar deles aqui para mostrar que uma pessoa, mesmo que de origem pobre, descendente de escravos alforriados, gago, epilético, sem estudos formais, pode vencer na vida apenas com sua força de vontade, aproveitando as oportunidades que se lhe apresentam.
Essa conversa que propagam por aí com insistência, de que os negros, os pobres, os criminosos, que sobrevivem nas desumanas favelas e prisões deste país são vítimas da sociedade, na maioria das vezes não é verdadeira. Me parece que Machado de Assis pode muito bem ser um exemplo disso, considerando sua origem humilde e o caminho que resolveu seguir.
Por seu esforço, Joaquim Maria Machado de Assis aproveitou as oportunidades que se lhe apresentaram no decorrer da vida, e por isso é considerado o maior escritor brasileiro. O único citado por Harold Bloom – tido como o mais importante crítico de literatura norte-americano – na sua obra Gênio – Os 100 Autores mais Criativos da História da Literatura, na edição que tenho na biblioteca, editada em 2003 pela Objetiva.
Só um último detalhe: perto de completar 70 anos, já no fim da vida, começou a estudar grego, para poder ler no original Sócrates e Platão.
Quando a oportunidade bate à porta, algumas pessoas estão no jardim procurando trevos de quatro folhas. (Autor desconhecido).