#CaliSchäffer | Como escolher um líder
Contam que antigamente, quando um rei queria comprar cavalos, era costume que os examinasse cobertos com uma manta. Os compradores tinham receio de que se o cavalo tivesse o pelo bonito, a cabeça e o corpo bem feitos, fosse um animal com uma boa aparência, uma certa elegância, a tendência era a de que o obteriam influenciados pela sua beleza e não pelas suas qualidades. Estavam errados.
Bem analisando a questão chega-se à conclusão de que quando se vai comprar um cavalo, a primeira coisa que se deve fazer é tirar de sobre o seu corpo a manta, para que se possa examiná-lo descoberto, a fim de que se veja nele as partes essenciais da sua configuração, como a musculação das pernas, as patas, esse tipo de coisas.
Se devemos agir assim quando formos comprar um cavalo, muito mais atenção deveríamos ter ao escolher um líder, aquela pessoa que vamos eleger para conduzir uma nação pelo caminho do progresso e do bem-estar do povo.
No entanto, hoje em dia, no mundo inteiro, ao contrário do que fazemos normalmente quando vamos adquirir um cavalo, temos a tendência de escolher o líder já todo empacotado, não só revestido com a capa da hipocrisia que o envolve, mas até sabedores antecipadamente do seu mau caráter, do que já fez no passado, da sua falta de dignidade e honradez. E junto com ele, por cima do negócio, ainda recebemos como bonificação uma multidão de homens estúpidos, defensores do atraso, de alma vil, servis joguetes de toda espécie de interesses, todos dependentes dos favores do Estado, dos empregos que lhes são concedidos, todos em busca apenas de poder ou pura e simplesmente de vantagens pessoais.
Lamentavelmente, quando escolhemos o líder, continua valendo o que dizia um filósofo do passado, de quem não lembro o nome: “Sabeis por que o achais grande? Porque o medis com o pedestal.” E o pedestal não faz parte da estátua.
Ou como disse aquele outro: “O que precisamos saber (quando se trata de fixar valores) é quanto vale a espada e não a bainha, porque não devemos dar grande coisa por ela, que é apenas um acessório”.
Talvez um dia, talvez um dia, quem sabe, a gente consiga enxergar o que não vemos hoje.
“O que precisamos saber, é quanto vale a espada e não a bainha”