Raquel Cadore

#RaquelCadore| Pôtencia e fragilidade de ser mulher

Chegamos a março e com ele, ao Dia Internacional da Mulher. Uma data cheia de simbolismos, e sempre importante lembrar que nasceu da luta por dignidade, direitos e respeito. Uma luta por justiça, onde mais de um século depois, reconhecemos os avanços, mas também reconhecemos que a essência dessa luta ainda pulsa.

Ser mulher em 2025 é um desafio complexo. É ter liberdade para estudar, trabalhar, votar e liderar, mas também é sentir na pele a cobrança por ser perfeita, produtiva, doce, firme, cuidadora, magra, bem-sucedida. É lidar com a culpa imposta desde cedo por ousar querer mais, e infelizmente ainda é conviver com o medo de andar sozinha à noite. Ser mulher em 2025 ainda é carregar culpas silenciosas e dúvidas barulhentas, e mesmo assim seguir.

Mesmo diante de tantas pressões, as mulheres seguem sendo inspiração diária, mesmo aquelas anônimas, que fazem revoluções silenciosas, como a professora que forma gerações com amor, a agricultora que comanda a lavoura e a casa, a empreendedora que iniciou seu negócio do zero, a avó que cria filhos e netos sozinha. Mulheres comuns que carregam uma força extraordinária.

Março exaltamos essa força, honramos todas as lutas e celebramos os avanços, e também, chamar mais uma vez atenção aos números que ainda são alarmantes. Em 2024, o Brasil registrou mais de 1.400 feminicídios. A cada 6 horas, uma mulher é assassinada no nosso país, muitas vezes, dentro da própria casa. Violência doméstica, assédio, desigualdade salarial e julgamentos morais ainda moldam o cotidiano feminino. Essa luta está longe de terminar e todos somos responsáveis por ela, homens e mulheres, seja no ambiente familiar, profissional e no círculo de amizades.

Neste 08/03, eu não quero falar sobre supermulheres, quero falar sobre mulheres reais como eu, como você. Mulheres que tremem antes de falar em público, mas falam mesmo assim; mulheres que negociam de igual para igual, mas antes respiram fundo e lembram a si mesmas que pertencem àquele lugar; mulheres que se posicionam de mãos abertas e o coração exposto; mulheres que ensinam aos filhos que mães também cansam, sonham, precisam de colo; e mulheres que conseguem que seus parceiros percebam sua exaustão disfarçada no sorriso ou no silêncio, ou seja, mulheres comuns, e justamente por isso tão potentes.

Meu compromisso neste tempo é de ouvir as mulheres, de respeitar suas escolhas, de realmente apoiar a empreendedora, a dona de casa, a trabalhadora com muito respeito, de informar sobre a violência doméstica. Não julgar o medo de errar, de não dar conta, de não ser suficiente.

Neste 08/03 celebramos que sempre há uma rede invisível ou bem visível, de mulheres que sustentam umas às outras, e felizmente, homens que escolhem caminhar ao lado destas mulheres e cuidam, escutam, acolhem, respeitam, deixam de ver gênero para reconhecer competência, e essa transformação cabe a todos nós, pois é entre mãos dadas que o futuro acontece e a vida vale a pena.

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