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#RaquelCadore | A fortaleza oculta no medo

O medo costuma ser visto como um inimigo a ser derrotado. Queremos escondê-lo, ignorá-lo ou eliminá-lo. No entanto, o medo é uma das emoções mais antigas e essenciais da humanidade, que nos protegeu ao longo da história. O medo não é apenas alerta de risco, ele também é um mensageiro que comunica algo. O medo da perda revela o valor do que temos; o medo do fracasso mostra a importância que damos ao sucesso; o medo da rejeição aponta para o desejo profundo de pertencimento.

Os medos são primários quando ligados à sobrevivência, como o medo de altura, de animais ou do escuro. Já os medos sociais estão relacionados à convivência: medo de não ser aceito, de decepcionar, de se expor. Os medos internos, mais sutis e profundos, tocam nossa identidade: medo de não ser suficiente, de não ter controle, de não encontrar sentido.

Cada um deles guarda, em silêncio, uma fortaleza escondida. O medo da rejeição, por exemplo, revela a coragem de se abrir ao outro. O medo do fracasso mostra que temos sonhos grandes o bastante para nos mover. O medo é o guardião de algo precioso dentro de nós. Se não nos paralisamos, mas o escutamos com atenção, descobrimos que ele nos aponta caminhos de crescimento, podendo ser a porta para a ousadia, a consciência, a superação.

O caminho do equilíbrio e da paz não está necessariamente em eliminar o medo, mas em caminhar com ele. O equilíbrio nasce quando deixamos de ser reféns dessa emoção e a reconhecemos como parte da vida. Na prática, isso significa respirar antes de reagir, nomear o que sentimos, buscar apoio quando necessário e, sobretudo, lembrar que coragem não é ausência de medo, é seguir adiante apesar dele.

Assim, em vez de sufocar o medo, podemos transformá-lo em convite à consciência, à coragem e à confiança, pois a paz que buscamos nasce exatamente desse diálogo interno, onde até o medo tem lugar, mas não o poder de decisão. O medo não é um inimigo a ser eliminado, mas um mensageiro a ser escutado, pois aponta o que mais importa em nossa vida: o sonho, o vínculo, o sentido. A paz não nasce da ausência do medo, mas da capacidade de acolhê-lo sem ser comandado por ele.

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