Passaram-se quase 41 anos da visita à capital dos gaúchos de uma das mais representativas personalidades religiosas contemporâneas, o Papa João Paulo II, que naquele episódio fora ovacionado pelo povo do Rio Grande ao som de: “Ucho, ucho, ucho, o Papa é gaúcho!”. Imediatamente, ele assentou na nuca um chapéu. “O Papa é gaúcho!”, proferiu o Santo Padre, vigário de Deus na Terra.
No transcorrer de sua visitação, sorveu um chimarrão, símbolo máximo da hospitalidade sulina e bebida que nos remete à comunhão entre as pessoas, neste casa o povo gaúcho. Mate, fiel companheiro que nos une nesta coparticipação de comungar, mesmo que sozinhos, de sentimentos, crenças, alegrias e tristezas.
Eis então que “levanta-se” no Vale do Taquari, região abençoada pela natureza, e edificação de um Cristo, imponente, deslumbrante. Sua construção não possui o intuito competitivo de ser maior ou mais garbosa, mais sim a demonstração de fé. A mesma que “move montanhas” edifica marcos alusivos à crença, e esta prática perdura desde o início dos tempos, desde que o homem é homem e enaltece seus deuses.
Até então, este gigântico símbolo de fé estava coberto pelo anonimato! Como pôde, com tamanha magnitude, se ausentar de ser notado, de estar ele discreto e desviado da curiosidade que sufoca a nós, humanos?
Será pela prática de estarmos demasiadamente de cabeça baixa, direcionando nossos pensamentos para outro plano que não seja este em que vivemos, mas sim aquele em que se materializa em nossas mãos milagres da tecnologia através dos aparelhos eletrônicos que substituem os livros sagrados?
Erguer a cabeça e olhar é preciso, para isso eram arquitetados os monumentos respeitantes à fé. Não somente para enaltercer nossos “deuses”, mas também para fixarmos nossos olhares a eles, e como tal praticar nossa crença. Mesmo que ela esteja contida em uma pequenina pedra, porém verídica.
Este Cristo Gaúcho nos chama a atenção da mesma forma que chamou ao mundo ao ser noticiado e sendo “descoberto” pela sua imponência e demonstração de unicidade dos seus fundamentadores. Quem sabe seja um sinal para erguermos nossas cabeças, elevarmos nossos olhares, e nos leve a observar ao nosso redor.
Vislumbremos o que para muitos parece ser banal, mas para milhões está sendo impactante, proporcionando o milagre de enxergarmos quanta riqueza possuímos ao nosso redor, a mesma que encantou o Santo padre há 41 anos.
Obrigado por ser “gaúcho”, Cristo protetor dos nossos pagos.
César Oliveira é presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho
Texto publicado originalmente no Segundo Caderno de Zero Hora