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“Está tudo pronto para quando eu morrer”, conta aposentada que tem dentro de casa o seu caixão

Aos 73 anos de idade, Herminia Zandonotto trata a morte de maneira natural e desassombrada. Enquanto muitas pessoas evitam discutir o assunto, ela encara de frente a inevitabilidade do fim. Preparando-se para esse momento, Herminia tomou medidas incomuns, mas que para ela fazem todo o sentido. Ela não tem medo da morte, e isso é um fato.

Nascida e sempre moradora de Encantado, a aposentada vive sozinha em uma casa simples, extremamente organizada e limpa, próxima ao Centro da cidade. Mãe de três filhos, Valdiane, Luciane e Antônio (em memória), ela lamenta o distanciamento com as filhas, que residem em Joinville e Porto Alegre, respectivamente, mas afirma que cada uma tem sua própria vida: “Eu tenho a minha”.

Antes de completar 60 anos, precavida, decidiu deixar tudo pronto para quando falecer. “Não quero dar trabalho para ninguém”.

Passaram-se 17 anos desde que comprou seu caixão, avaliado em mais de R$ 20 mil, o qual está guardado sob seus cuidados na sala de sua residência. “Por alguns anos, deixei meu caixão na funerária onde o comprei, mas não cuidaram bem dele. Decidi trazê-lo para casa, onde posso cuidar. Tenho muito carinho por ele”, conta. Pelo menos uma vez por semana, ela tira a poeira com um pano especial, mantendo a urna limpa e bem cuidada.

Ao lado do caixão, ela mantém uma caixa com os pertences que gostaria de usar no dia em que partir: uma roupa, um vestido branco e um par de sapatos, todos escolhidos minuciosamente. “Quero um vestido bem comprido e elegante, sem flores em cima de mim, mas quero estar muito perfumada”, diz, por isso incluiu dois sabonetes junto à vestimenta. A preparação não se limita apenas ao aspecto material. Em um caderno, ela anotou orientações que considera importantes, esperando que seus desejos sejam atendidos, como por exemplo, a ausência de velório ou missa.

Questionada sobre como seria sua morte ideal, ela afirmou que prefere que seja em casa e sozinha. “Poderia ser dormindo, para que eu deslize para a eternidade. Mas se eu sentir que vou morrer, já vou me deitar no caixão”.

A lápide também está pronta, e o local escolhido para seu enterro já está pago: Rua 18, gaveta 23, no Cemitério Santo Antão, que ela considera o mais bonito da cidade, “Quero ficar num cemitério chique”, afirma. Herminia enfrenta a finitude da vida com serenidade e preparo, uma atitude corajosa que inspira reflexões, trazendo paz de espírito e alívio para aqueles que ficam.

Agro Dália

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