Ex-paraquedista caminha há 27 anos pelo mundo e se aproxima do fim da jornada
Karl Bushby percorre 58 mil km a pé desde 1998 e espera retornar ao Reino Unido em setembro de 2026, após cruzar dezenas de países sem usar transporte

O britânico Karl Bushby está prestes a concluir uma caminhada de 58 mil quilômetros ao redor do mundo, iniciada em 1998. Após 27 anos de expedição, o ex-paraquedista deve retornar à cidade natal, Hull, em setembro de 2026 encerrando uma jornada marcada por desafios geopolíticos, resistência física e saudade da família.
Viagem começou no Chile e já passou por quatro continentes
A expedição, batizada de Projeto Golias, teve início em novembro de 1998, quando Bushby partiu do Chile com o objetivo de voltar para casa sem usar qualquer meio de transporte. A previsão inicial era de 12 anos de trajeto, mas guerras, burocracia e dificuldades com vistos alongaram o percurso por quase três décadas.
Desde então, Karl percorreu a pé toda a América do Sul, Central e do Norte, cruzou o estreito de Bering sobre o gelo em 2006 tornando-se o primeiro britânico a realizar tal travessia e avançou por países da Ásia e Europa. Em 2024, para evitar reentrar em regiões de acesso restrito como Irã e Rússia, ele nadou 300 km pelo mar Cáspio.
Atualmente, o aventureiro se aproxima da Áustria, após deixar a Hungria, e se prepara para os últimos trechos até o Reino Unido.
Mãe acompanhou tudo à distância e aguarda retorno
A mãe de Karl, Angela Bushby, de 75 anos, vive na mesma casa onde ele cresceu, em Hull, no Reino Unido. Em entrevista à BBC, ela afirmou que estará esperando o filho na chegada com um abraço seguido da frase bem-humorada:
“E que horas são essas, Karl?”
Angela conta que viu o filho apenas três vezes desde 1998. Ela manteve álbuns de recortes e guardou um presente de Natal para ele todos os anos, esperando pelo retorno.
“Ele sempre foi teimoso. Quando coloca algo na cabeça, vai até o fim”, disse.
De dificuldades na infância à travessia do mundo
A trajetória de Karl não começou fácil. Diagnosticado com dislexia aos 13 anos, ele foi alvo de bullying na escola, rotulado de “burro” e “inútil”. Com o tempo, encontrou formas de superar a condição, desenvolveu gosto pela leitura e iniciou carreira no Exército britânico.
No serviço militar, Karl ingressou no Regimento de Paraquedistas, o mesmo de seu pai. A mãe relata que ele precisou de várias tentativas para passar pelo rigoroso processo de seleção, mas demonstrou determinação e disciplina.
Momentos de tensão na expedição
A longa jornada teve episódios marcantes, como:
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Prisões na Rússia por entrada irregular
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Caminhadas sobre gelo em temperaturas de –30 °C
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Contato com bebidas locais que causaram alucinações
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Falta de comunicação durante semanas
Angela diz que viveu anos de preocupação constante.
“É um milagre eu não estar com todos os cabelos brancos”, brinca.
E depois da chegada?
Angela confessa que não sabe como será a readaptação do filho à vida normal:
“Espero que ele fique aqui. Mas duvido que consiga ficar parado depois de tanto tempo em movimento.”Em entrevista por telefone, Karl respondeu à provocação da mãe sobre o atraso:
“Essa é a hora da verdade.”






