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Frigeri: “Todo mundo já deve ter visto aquela propaganda global: tudo começa pelo respeito”

Alguns dias atrás eu estava assistindo a alguns vídeos – ou melhor, trechos de programas de TV americanos – nos quais o comentarista Matt Walsh debate contra algumas pessoas transexuais, que fizeram alteração do sexo masculino para o feminino e uma professora da Universidade de Kent, localizada em Ohio. Não entrarei no mérito de transgenderism (como falo isso em português?), quero falar sobre alguns aspectos de postura do debate.

Em certo momento, Walsh afirma que as pessoas confundem sexo e gênero, que sexo seria a “identidade” de nascença e gênero seria um aspecto social, e que de fato, maioria das pessoas concorda com essa afirmação.

Porém, após todos concordarem com isso, eles viram as costas e dizem que mulheres trans são de fato, mulheres, como se a sua fórmula cromossômica fosse igual a uma. O real problema é a risada, o deboche expressado pelos homens trans. Em algum ponto, me lembro de ter dito que risada é uma reação espontânea e que não devíamos pegar pesado com a risada de alguém.

Porém, isso é inválido caso for uma risada propositalmente de deboche, como no caso dos oponentes de Walsh. Continuando, o próprio logo expressa desdém com a reação das mulheres transexuais. Vocês podem rir ou fazer o que quiserem, mas é um problema lógico, vocês estão criando conflito entre sexo e gênero enquanto tentam os distinguir: esse é o problema.

A professora, mencionada anteriormente, responde. Existe o sexo biológico e então existe a identidade de gênero. Parte de mim quer perguntar por que você liga tanto para isso- e antes do término da frase, a plateia do programa irrompe em aplausos, enquanto sorrisos resplandecentes vêm das mulheres transexuais. E é assim que eu percebo que as pessoas não estão ali para poderem desfrutar de uma troca de ideias e consequentemente criar algum consenso próprio sobre o tema. Aparentemente, estão ali para poder ter o prazer de rir da cara de alguém “refutado” enquanto o debate nem terminou e o sujeito “humilhado” nem respondeu.

Quando responde, Matt Walsh é praticamente ignorado. Eu adoraria responder a essa pergunta. Eu ligo para a verdade, então a verdade básica importa, e quero viver em uma sociedade em que pessoas ligam para a verdade… Eu ligo para as crianças, e essas ideias insanas sobre gênero estão sendo forçadas sobre crianças, e isso me incomoda um pouco… Eu ligo para as mulheres que estão tendo suas oportunidades roubadas delas… Eu ligo um pouquinho, sim. Qualquer frase, qualquer palavra, qualquer eufemismo de Walsh é ignorado pela professora com um aparente insulto, Acho que você é o verdadeiro campeão de- e o vídeo corta. Estava vendo um trecho, na verdade, e fui atrás do vídeo original para trazer a cobertura completa, porém, não consegui, perdoem-me. É tão engraçado que as pessoas deem tão pouca bola para o respeito sobre Matt ou sua opinião enquanto as mesmas bradam o nome do respeito às ruas. O respeito não seria válido para todos? Ou vale para uma parcela de pessoas com quem você concorda?

Outro dia, estava vendo um vídeo de Ben Shapiro, em circunstâncias extremamente familiares: Shapiro falando sobre cromossomos e uma mulher transexual, Zoey Tur, debatendo com o comentarista político. Tur diz Ser corajoso é ser você mesmo, e ser transgênero é a coisa mais corajosa que você pode ser. Alguns segundos depois, Shapiro diz Por que estamos dando atenção mainstream a uma ilusão? E uma mediadora do debate pergunta por que ele chamaria isso de ilusão. Em sua resposta, erra os “pronomes corretos”, e a mediadora o corrige veementemente.

Shapiro dá sequência. Esqueça o “fatos desrespeitosos não ligam para seus sentimentos” e veja que cada cromossomo, cada célula no corpo de Zoey Tur é masculino, com exceção de suas células de esperma… O comentarista é interrompido abruptamente a tempo de apenas dizer seus apêndices são masculinos. Alguns momentos depois, Zoey Tur diz claramente para Shapiro, Você não sabe sobre o que está falando, você não tem educação genética alguma… Você para com isso agora, ou você vai para casa em uma ambulância…

Shapiro pode ter errado no pronome, e isso já seria considerado um ato de desrespeito, dependendo de sua perspectiva, porém, logo depois, uma ameaça vem da boca da pessoa desrespeitada. Ele ainda responde, Acho que isso é um pouco inapropriado para uma discussão política. E o comentarista está certo. Não só esse tipo de coisa é inapropriado para uma discussão política, mas é inapropriado para o funcionamento social geral. Zoey Tur acabara de ignorar tudo que Shapiro disse e depois veio com uma ameaça.

Eu poderia entrar em outros méritos de desrespeito, mas irei destacar esse. Porque sinto que cada vez mais, as pessoas têm menos vontade de ouvir as outras e cada vez mais, as pessoas não aceitam coisas que saem da boca de certas pessoas e acabam ameaçando o outro e se ele não parar, vai para casa de ambulância (você não vai para casa de ambulância, vai ao hospital de ambulância), e isso é simplesmente ridículo.

Já estou cansado de mencionar novamente meu professor de História da sexta série, mas ele foi uma das pessoas que quando metade da turma o contrariou, o sujeito disse claramente, Vocês são um bando de covardes. Vale ressaltar que a mediadora do debate releva a atitude de Ben Shapiro ao errar o pronome de Tur, mas quando Zoey Tur o ameaça, ninguém diz uma única palavra.

Todo mundo já deve ter visto aquela propaganda da Globo que dizia Tudo começa pelo respeito. Mas acho que poucas pessoas devem realmente ter percebido a globalidade da frase. Podem respeitar as pessoas que sentem a obrigação de ter respeito por, porém, na hora de respeitar o oponente ou sua opinião, o tal de respeito não existe.

Dar um fim a isso começa por uma coisa muito simples: respeito.

Agro Dália

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