Transplante de rim suíno marca novo avanço na medicina nos EUA

No dia 25 de janeiro, Tim Andrews, de 66 anos, recebeu um transplante de rim suíno geneticamente modificado no Hospital Geral de Massachusetts, em Boston. Este procedimento marcou um passo significativo na medicina, sendo o quarto caso de transplante de rim de porco nos Estados Unidos. A cirurgia foi realizada após Andrews passar mais de dois anos em tratamento de diálise, um processo doloroso que ele descreveu como algo que pesava constantemente sobre sua saúde.
Andrews, que também enfrentou complicações sérias, como um ataque cardíaco em 2023, se viu sem opções de tratamento além da diálise, o que fez com que o transplante fosse uma esperança crucial para sua recuperação. Ele foi liberado do hospital em 1º de fevereiro, uma semana após o procedimento. “Assim que acordei, a nuvem da diálise desapareceu. Eu me senti revigorado”, comentou o paciente, aliviado com a nova perspectiva de vida que surgiu após a cirurgia.
Esse tipo de transplante tem sido uma opção experimental para pacientes com doenças renais terminais. A solução foi desenvolvida para enfrentar o déficit de órgãos disponíveis para transplante, que afeta mais de 100 mil pessoas nos Estados Unidos. Cientistas modificaram geneticamente os porcos, realizando 69 alterações genéticas para tornar seus órgãos mais compatíveis com o corpo humano. Genes prejudiciais foram removidos e genes humanos foram adicionados para reduzir a chance de rejeição, enquanto retrovírus suínos foram inativados para evitar infecções.
Além de Andrews, outra paciente, Towana Looney, de 53 anos, vive com um rim de porco geneticamente modificado e já ultrapassou os 75 dias após o transplante. A inovação que começou em 2024 está longe de ser comum, mas seus resultados têm gerado otimismo na comunidade médica. Michael Curtis, CEO da eGenesis, empresa responsável pelo desenvolvimento dos órgãos modificados, destacou que os transplantes de órgãos de animais geneticamente alterados podem representar um caminho para solucionar a crise global de escassez de órgãos.
De acordo com a UNOS (Rede Unida para o Compartilhamento de Órgãos), 17 pessoas morrem todos os dias nos Estados Unidos enquanto aguardam um transplante, o que coloca a necessidade de alternativas urgentes em evidência. O protocolo experimental, aprovado pela FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA), oferece uma oportunidade para pacientes em risco de vida acessarem tratamentos inovadores, quando as opções convencionais já não são suficientes.
Com o sucesso contínuo de transplantes como os de Andrews e Looney, os pesquisadores acreditam que a xenotransplante – o uso de órgãos de animais geneticamente modificados – pode se tornar uma ferramenta essencial para salvar vidas, especialmente em tempos de escassez de doadores humanos.