“Moção de repúdio é uma forma de ganhar votos”
“Minha causa é solitária e incompreendida.”
boi fosse tratado em via pública como é tratado nestes ambientes, o responsável pelos atos seria preso.
Para o deputado sua causa é solitária e incompreendida, e para isso, ele procura abordagens incisivas para chamar a atenção: “Eu busco o debate, estou do lado daqueles que ninguém enxergava. Lá na frente, talvez daqui alguns séculos, quando o ser humano evoluir, vão entender a minha causa” explica o tucano. “Minha intenção é trazer à tona, fazer as pessoas enxergarem a precariedade destes eventos campeiros. Em meio a bêbados e música alta, qualquer animal se assusta”, completa.
Contraponto tradicionalista
O Movimento Tradicionalista gaúcho (MTG) se manifestou em nota, em aversão ao Projeto de Lei: “Em seus 56 anos de existência, o MTG e suas entidades filiadas promoveram incontáveis Rodeios, Torneios e Festas
Campeiras, todos baseados na Origem da Cultura do Tiro de Laço e nos costumes do Homem do Campo, prezando sempre pelo bem-estar e pelo respeito aos animais, tendo o cavalo como seu trono e o bovino como parte integrante da cultura, do lazer e da economia do nosso estado. Desta forma, o Movimento Tradicionalista Gaúcho do Rio Grande do Sul, neste ato, vem a público repudiar o Projeto de Lei de autoria do Deputado Rodrigo Maroni que objetiva proibir, no âmbito do estado do Rio Grande do Sul, a realização de rodeios [..]”.
Rogério Bastos é historiador, presidente da Comissão Gaúcha de Folclore e assessor de comunicação do MTG e explica a ligação do cavalo com o gaúcho justificando a correlação da tradição gaúcha com os rodeios:
“Quando em 1626 os Jesuitas fundaram as reduções, tinham que ter alimento para todo aquele povo. Foi então que em 1634, os Padres, Romero e Cristóbal de Mendonza y Orellano, trouxeram para o garrão do Brasil as primeiras cabeças de gado. Quando saíram após 1641, o gado se esparramou pelo território formando as duas grandes vacarias (domar e dos pinhais). Para lidar com esse gado selvagem, o cavalo foi o grande parceiro do homem do sul. Para o aparte, para alimentação, buscar no campo… enfim, toda lida com o boi, usando o cavalo nos deram as características que permeiam o nosso povo até hoje. Não tem como dissociar o homem, do cavalo para a lida com o gado. Dos anos 50 do século passado, para cá, o rodeio tem sido uma forma de preservação das características que identificam o gaúcho e que, em muitos casos, é o evento que aquece a economia e gera renda em pequenos municípios, como a maior festa popular da localidade. O setor de carne bovina registrou em 2021 o maior volume exportado na história, com 1,2 milhão de toneladas comercializadas, 0,71% superior à melhor marca anterior, que foi em 2008. Uma proposta que quer acabar com os rodeios no RS provavelmente queira também, acabar com o abate de bovinos e outros animais”, diz o especialista.
“A política não vale a pena”
São palavras do próprio deputado Rodrigo Maroni (PSDB) que também já foi vereador de Porto Alegre. Franco ao extremo, quase um fanfarrão, ele não tem a preocupação de que gostem dele, mas que respeitem quem não tem como se defender. Foi casado com Manuela D´Avila e na separação ele botou a boca no trombone mostrando a face que ele diz ter conhecido da maior liderança do PCdoB.
No ano passado Rodrigo Maroni voltou a morar em Encantado, o que trouxe muita felicidade para os seus dias. A esposa é defensora pública no Forum local. De terça a quinta ele dá expediente na Assembléia. Apesar de estar na política, diz estar decepcionado com a vida pública e com a ignorância da população: “Odeio política, odeio político”. Ele justifica que muitos dos estadistas são mal-intencionados e que a política é “a única arte que só se dá bem quem faz o mal”.
Militante do movimento estudantil, dedica a sua vida a cuidar e resgatar animais em situações alarmantes. Ele alega que é necessário firmeza para lutar por uma causa solidária, e só assim conseguiu seu espaço. Segundo Maroni, em 2019, ele resgatava cerca de 60 a 70 animais por dia e vivia sob constante ameaça por fazer a guarda dos bichos. “Isso de certa forma tirou o brilho de quem fazia isso com uma rede oficial de apoio e ai me acusaram inclusive de sumir com os animais”.
Mas então, porque ser candidato a reeleição?
“Porque há grupos que querem que eu permaneça, infelizmente ainda não tem um substituto. Minha saída significa o fim da causa animal no Rio grande do Sul, e ainda há muito por fazer. Então faço esse sacrifício pelos animais porque a política não vale a pena. É muita hipocrisia”.