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Saúde

72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono

Uma busca em uma rede social é suficiente para perceber uma tendência: os medicamentos indutores de sono. O mais famoso, chamado Zolpidem, acumula mais de 177,5 milhões de visualizações em vídeos no TikTok. De acordo com especialistas, há uma geração dependente de remédios para dormir. De acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono, entre elas, a insônia.

Os remédios são seguros e melhoram a qualidade de vida dos pacientes quando utilizados com orientação médica, argumenta o psiquiatra e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Valdir Campos. O alerta, contudo, está para o uso abusivo e a banalização dos medicamentos.

“Muitos jovens conseguem medicamentos contra a ansiedade de forma ilícita e os utilizam para dormir. Não é incomum, por exemplo, que se compartilhe remédios controlados entre amigos e familiares, já que a automedicação é cultural no Brasil. O uso indiscriminado já cria uma geração com dependência”.

O médico psiquiatra da Rede Meridional José Luis Leal aponta que há algumas gerações que fazem o uso incorreto de fármacos para dormir ou para a ansiedade. O especialista explica que tratar uma insônia sem avaliação da causa cria um risco maior de gerar outras complicações.

“O consumo das drogas indutoras do sono, que chamamos de drogas Z, vem crescendo. O aumento se dá, provavelmente, porque se criou uma consciência de que os remédios com tarja preta oferecem riscos, e uma ilusão de que as drogas Z, por terem tarja vermelha, são seguras”.

Para a psiquiatra e professora do Centro Universitário do Espírito Santo (Unesc) Karen Vasconcelos, os jovens estão mais imediatistas, o que favorece o uso de medicamentos para o sono. Ela alerta que erros em diagnósticos são comuns.

“Na maioria das vezes, as alterações do sono são secundárias a outras causas, como hábitos de sono inadequados, doenças clínicas ou transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão”.

Até três comprimidos

O desejo por uma noite de sono de qualidade é tão forte que um produtor cultural, de 56 anos, que prefere não se identificar, já chegou a tomar até três comprimidos de um remédio indutor de sono por noite.

De três a quatro vezes por semana ele passa as noites em claro. Para ele, o remédio pode ter deixado de fazer efeito. O produtor cultural já iniciou a busca por orientação médica para melhorar hábitos e vencer a insônia.

“Criei uma dependência. Fiquei sem tomar o remédio por um tempo e passei mal. Quando voltei a tomar, melhorei rápido. Nos últimos dois meses, tive uma piora. Desde que perdi minha mãe, em março de 2011, passei a ter problemas relacionados ao sono”, explicou.

Insônia provoca dor muscular

A insônia é a dificuldade de iniciar o sono, mantê-lo continuamente durante a noite, despertar antes do horário desejado ou acordar com a sensação de sono não reparador.

No caso da insônia aguda, fatores emocionais desencadeiam o problema. Falta de energia, baixa concentração e desmotivação estão entre os sintomas associados.

A insônia crônica é quando a pessoa enfrenta o problema por mais de seis semanas. Pessoas acometidas com o problema tendem a sentir fadiga, dores musculares e desmotivação.

A causa do problema pode estar relacionada a diversos fatores, como, por exemplo, transtornos psicológicos, problemas clínicos, estresse e excitação associada a algum evento. Hoje, a depressão, a ansiedade e o estresse crônico são as principais causas da insônia.

Apneia obstrutiva do sono

É causada pela obstrução da via aérea no nível da garganta durante o sono, levando a uma parada da respiração que dura em média 20 segundos. A pessoa acorda, emitindo um ronco barulhento. Pode ocorrer várias vezes durante a noite.

Quem apresenta a síndrome tem maior tendência a ter infarto do miocárdio e derrame cerebral. O tratamento depende de cada caso, mas é necessário evitar bebidas alcoólicas e cigarro, além de perder peso e dormir de lado. Se as medidas não forem suficientes, é urgente que se busque um médico.

Fonte
O Sul
Agro Dália

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