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Mitos e verdades sobre a doação de sangue

Doar faz mal para a saúde? Quem teve Covid não pode doar? E os vacinados? Médica hematologista esclarece o que é mito e o que é verdade quando o assunto é doação de sangue

As doações de sangue tiveram uma queda de 10% no Brasil com a chegada da pandemia. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2019, foram realizadas 3.271.824 coletas de sangue. Em 2020, primeiro ano da Covid-19 no país, foram contabilizadas 2.958.665 doações.

O sangue é essencial e insubstituível para a vida humana. Além de tratar terapeuticamente pacientes com doenças crônicas, como a leucemia e a anemia falciforme, ele é utilizado diariamente no tratamento de pessoas que vão passar por procedimentos médicos e cirúrgicos. Com uma única doação é possível salvar até quatro vidas.

Mas apesar de a maioria dos brasileiros conhecerem a importância da doação de sangue, ainda existe muita desinformação e tabus que acabam afastando as pessoas do ato de doar. Afinal, doar sangue faz mal para saúde do doador? Pessoas que tiveram Covid-19 podem doar? E os vacinados podem contribuir?

A médica hematologista do Hospital Anchieta de Brasília, Marina Aguiar, e a Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde esclareceu todos os mitos e verdades quando o assunto é doação de sangue.

“Doar sangue faz mal para a saúde”

Entre os mitos mais comentados sobre a doação de sangue é que o procedimento pode engrossar ou afinar o sangue e até mesmo prejudicar a saúde do doador.

De acordo com a médica hematologista, Marina Aguiar, a afirmação é falsa. A especialista explica que a doação não representa nenhum risco à saúde. Ela afirma que estudos comprovam que doar reduz a viscosidade do sangue, tornando o doador menos propenso a desenvolver doenças cardíacas e câncer.

“Isso ocorre porque, durante esse processo, há uma espécie de limpeza sanguínea, porque o nosso sangue é produzido na medula óssea e renovado a cada três meses. Essa doação vai promover uma renovação das células sanguíneas e, com isso, as células velhas serão renovadas”, explica a médica.

“O organismo demora muito para repor o sangue doado”

Mito! O volume coletado não ultrapassa 15% da quantidade de sangue que o doador possui. Esse volume é reposto naturalmente pelo organismo em até 72 horas após a doação. “Essa quantidade retirada não afeta a saúde porque a recuperação é imediata após a doação.”

“Então, é muito pouco para pessoa que doa, mas muito para quem vai receber”, diz a hematologista.

“Quem teve Covid-19 não pode doar sangue”

Isso é um mito! Quem teve Covid-19 pode, sim, doar sangue. No entanto, segundo a especialista, é preciso aguardar um mês, após recuperação clínica completa, para poder fazer a doação. “Ou seja, a doação só é permitida se não houver nenhum sintoma ou sequela depois de 30 dias que a pessoa já se recuperou”, esclarece Marina.

Vale lembrar que os vacinados contra o novo coronavírus também precisam esperar um período para poder doar sangue. Segundo a Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, o prazo vai depender da marca do imunizante. Em relação à vacina contra a gripe, o tempo de inaptidão é de 48 horas.

“Quem recebeu transfusão de sangue pode ser doador de sangue”

Verdade. Quem recebeu transfusão de sangue pode doar sangue, mas precisa esperar um ano para fazer a doação. “Esse impedimento temporário é necessário para que se tenha certeza de que a transfusão não transmitiu nenhuma doença infecciosa à pessoa que está pretendendo doar o sangue”, explica a médica.

“Quem doa sangue uma vez é obrigado a doar sempre”

Mito! De acordo com a hematologista, doar sangue não cria dependência no organismo da pessoa e é um ato voluntário, que só depende do desejo da pessoa de voltar ao hemocentro dentro do prazo mínimo de espera para fazer mais de uma doação.

“O retorno é o entendimento de que só nós somos a única fonte de sangue, por isso a importância dessa doação, mas é um ato totalmente voluntário”, afirma Marina.

“Grávidas não podem doar sangue”

Verdade! Segundo a Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, mulheres grávidas e em resguardo não podem doar sangue. “Mas após o período gestacional, em casos de parto normal, a mulher pode doar depois de três meses; em caso de cesariana, após seis meses. Se estiver amamentando, a mulher deve aguardar 12 meses após o parto”, informa o órgão.

“Pessoas com tatuagens e piercings são impedidas de doar”

Mentira. A especialista explica que quem tem tatuagens e piercings – desde que não seja em locais como área genital ou cavidade oral -, podem doar sangue. “Mas é preciso aguardar um ano após o procedimento para poder fazer a doação. Depois desse período ela [a pessoa] pode ser doador tranquilamente”, esclarece a hematalogista.

“Quem está fazendo regime para emagrecer não pode doar sangue”

Isso é um mito! De acordo com a Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados, dietas para emagrecimento não impedem a doação de sangue, desde que a perda de peso não tenha comprometido a saúde do doador.

“Fumantes podem doar sangue”

Verdade! Os fumantes de cigarro comum podem doar sangue. “Mas é recomendável um intervalo sem fumar de pelo menos 2 horas antes da doação” explicou a coordenação.

“Homossexuais não podem doar sangue”

A afirmação é falsa. Em 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) passou a permitir a doação de sangue por homossexuais, o que, até então, era proibido.

“Antigamente, existiam discursos de que as DST’s eram transmitidas por homossexuais e que esse grupo gerava risco ao processo de doação, mas isso é um princípio inconstitucional, pois fere a lei de igualdade.”, afirma a médica do Hospital Anchieta.

A importância da doação de sangue

Segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 1,4% da população brasileira doa sangue. Isso representa, em média, 14 doações a cada mil habitantes. Por ano, o Sistema Único de Saúde (SUS) recebe mais de três milhões de doações. O Governo Federal, por meio do órgão, incentiva todos os brasileiros a doarem sangue frequentemente, gesto que pode salvar vidas.

“Vamos aproveitar essa oportunidade para reafirmar não só as ações de enfrentamento à pandemia, mas também a necessidade contínua de cumprir o preceito constitucional da saúde como direito fundamental. O sangue, ao longo do tempo, simboliza a vida. E, nesse sentido, é importante a doação regular de sangue. Doe sangue regularmente. Com a nossa união, a vida se completa”, destacou o Ministro da Saúde Marcelo Queiroga.

Critérios para doação de sangue e medula óssea

De acordo com a Coordenação-Geral de Sangue e Derivados do Ministério da Saúde, o procedimento para doação de sangue é simples. Primeiro se faz o cadastro, aferição de sinais vitais, teste de anemia, triagem clínica, coleta de sangue e depois o lanche. Isso tudo leva em média 40 minutos.

Para doar sangue é necessário ter entre 16 e 69 anos de idade e pesar no mínimo 50 quilos. Mulheres podem doar até três vezes ao ano com intervalo de três meses entre as doações. Já os homens podem doar até quatro, com intervalo de dois meses entre as doações. A doação é voluntária e uma bolsa de apenas 450mL de sangue pode ajudar até quatro pessoas.

Candidatos à doação de medula óssea devem ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado de saúde e não apresentar doença infecciosa ou incapacitante. Segundo o Redome, algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisado caso a caso.

Doar sangue e medula é seguro! Com a pandemia, todos os protocolos de contenção contra a Covid-19 estão sendo realizados. No dia da doação, será preciso apresentar documento de identificação com foto. Para saber onde doar sangue ou se cadastrar para doar medula óssea, acesse redome.inca.gov.br.

Agro Dália

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