#NolimarPerondi| Audiência sobre pedágio em Encantado e discussões sobre novos cargos para assessores
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Audiência Pública
A Câmara de Vereadores de Encantado promoveu uma audiência pública para discutir a proposta do governo estadual que vai leiloar o bloco 2 no processo de concessões, que no caso trata também da ERS 130 e 129. O sistema será o free flow, ou seja, cobrança automática através de arcos instalados ao longo das rodovias. Mesmo com a presença de pessoas de outros municípios da região, a audiência focou mais no perímetro do município de Encantado. A audiência não contou com nenhum representante do governo, o que resultou no trabalho de uma reunião paroquiana, em que se travou, principalmente, uma discussão entre ser favorável ao modelo ou contrário. Digo isso sem nenhum demérito ao trabalho de ouvir a população local, porém sem o efeito prático, até porque no dia anterior, o secretário de parcerias e concessões, Pedro Capeluppi, esteve em Lajeado falando a esta região, em audiência programada pelo governo, onde foi solicitada uma prorrogação de prazo, o que foi aceito, e a data para o final deste processo foi estendida em um mês, para 21 de março. Da mesma forma, também foi tratado sobre uma revisão das obras e do VDM, para diminuir a tarifa sugerida. O Volume Diário Médio, segundo representantes da região, está aquém da realidade, ou seja, o número de veículos que transitam na região é bem superior ao registrado pelo BNDES, que é quem fez os estudos. Outro ponto discutido aqui em Encantado foi a localização dos arcos de cobrança eletrônica, especificamente aquele programado para o município de Muçum, que está previsto para depois da ponte sobre o Rio Guaporé, sentido Encantado/Muçum, que acabaria prejudicando moradores da Barra do Guaporé.
Maduros
Na audiência pública de Encantado, presidida pelo vereador Daniel Passaia, que foi o idealizador do evento, houve depoimentos maduros de pessoas representando entidades, que fizeram observações pertinentes diante da proposta do governo do estado. A grande maioria dos que se pronunciaram são favoráveis aos pedágios, porém com apontamentos importantes, como por exemplo, a redução da tarifa. Outros apenas se mostraram contrários por entender que já se paga IPVA.
Recado
O prefeito Jonas Calvi, no momento de sua fala durante a audiência pública, direcionou sua crítica aos aproveitadores de plantão, que nunca apareceram por aqui, para ao menos demonstrar solidariedade com Encantado, e agora se mostram indignados, usando de um discurso fácil, notoriamente com um viés político/partidário: “Chega de fanatismo, chega de ironia, chega de questões políticas partidárias, se tem alguém que sofreu na região, foi Encantado, se tem alguém que foi penalizado, foi prejudicado, foi Encantado e a parte alta, se é para vir aqui, a gente é democrático, a gente vai ouvir todo mundo, a gente vai discutir com argumentos, com teorias, com tudo, agora não venham para Encantado, e o pessoal nosso aqui também da região, não venham se usar de Encantado para fazer demagogia política”. Se entendi bem, este recado foi direto ao prefeito de Casca, que esteve aqui em Encantado no sábado por ocasião de um movimento chamado “Não ao Pedágio”, em que um dos organizadores foi o vereador Diego Pretto. A tese deles é de que a região perderá investimentos privados com o pedágio, mas não propõem algo condizente com a realidade do nosso estado. Apostando e acreditando que caso seus candidatos ganhem as eleições para o governo do estado farão as duplicações de rodovias e demais obras sem implantar qualquer tipo de pedágio, bem ao estilo dos ‘tiozão do zap’.
Contrário
O vereador Diego Pretto tem se posicionado contrário ao pedágio, propôs a manifestação ocorrida no sábado junto ao trevo do Peteba e na audiência se pronunciou dizendo que “é péssima a concessão, gente, eles tiveram coragem de nos oferecer um pedágio a R$ 0,32, é o triplo da média do Brasil”. Aproveitou o momento e introduziu o assunto da Corsan: “Deixaram o serviço ficar ruim, é isso que fazem com o nosso pedágio”. Tenho a impressão que dia destes até o São Judas Tadeu, santo das causas impossíveis, vai abandonar o vereador. Se diz liberal, mas é contra o estado mínimo e as privatizações. Como?
Se as teses dos contrários aos pedágios parecem radicais, mesmo se dizendo liberais na economia, e assim confundindo até os mais esforçados, espera, que ainda não falei de outro cidadão que usou a tribuna para demonstrar sua contrariedade aos pedágios. Se apresentou como Loivo Dacherri, “Sou apenas um cidadão comum de Vespasiano Corrêa”. Se diz representando um grupo que “realmente está se movimentando para não ter pedágio aqui na nossa região”. Atacou os prefeitos do Vale do Taquari afirmando que são a favor dos pedágios: “Infelizmente tenho que dizer que inocentemente, ou sem querer, ou não sei por que, todos os prefeitos do Vale do Taquari são a favor dos pedágios”. Melhor não contestar!
Este cidadão não só é contra os pedágios, mas também desenvolveu uma tese sui generis sobre as enchentes aqui no Vale, conforme afirmou durante a audiência pública na Câmara de Vereadores de Encantado: “Mais uma sabotagem para destruir mais ainda o Vale do Taquari, ele foi destruído e não foi natural essa destruição da enchente aqui no Vale do Taquari, estou falando há muito tempo, nós temos todas as evidências, eu passei várias vezes para os prefeitos de Vespasiano, Muçum e Encantado que toda essa chuvarada, mil milímetros em três dias no Vale do Taquari, isso não é natural, nós temos todas as evidências”. Melhor não contestar, sou adepto do conselho dado pelo filósofo gaúcho, Leandro Karnal: “Não toque tambor para maluco dançar”. Conforme ensina Carnal, o melhor a fazer quando alguém começar a berrar, adjetivar com os olhos irritados, “vão se afastando lentamente, concordem, tenham reações bovinas ‘humm’ e saiam correndo”.
Estacionamento
Impossível estacionar na área central de Encantado, não se encontra vaga. Mesmo antes de o comércio abrir as portas pela manhã, as vagas estão comprometidas. É urgente que volte a ser cobrado o estacionamento nas ruas centrais de Encantado. Experimente estacionar próximo ao hospital e aos prédios onde estão a maioria dos consultórios médicos, raramente vai conseguir! Mais do que urgente. Encantado, que quer ser um polo da região alta e forte no turismo, assim não vai.
Acomodação
Na semana passada falei da insistência de encontrar acomodação para companheiros políticos na prefeitura de Encantado. Para quem acompanha de perto, sabe que é uma prática comum e recorrente. Nesta semana soube que existe um movimento por parte de vereadores eleitos aqui em Encantado para se aprovar uma lei autorizando que cada um dos 11 vereadores tenha um assessor. Ou seja, além dos que já foram indicados no loteamento dos cargos existentes, que seriam duas vagas para cada um dos três partidos que formam a base da situação, ainda querem mais um assessor para chamar de seu.
Demais
A Câmara de Vereadores de Encantado tem uma sessão semanal, poucos são os projetos de autoria própria, a maioria são indicações. Temos aqui também a particularidade, verdadeira jabuticaba, que são as emendas impositivas para cada um dos 11 vereadores mais as emendas de bancadas. Só lembrando que estamos falando de um município com 23 mil habitantes. A proposta de que cada vereador tenha um assessor é simplesmente absurda.
Assessor
A princípio, a presidente da Mesa Diretora, Joanete Cardoso, é contrária a esta contratação, mas confirma que existe a proposta tramitando nos bastidores por boa parte dos vereadores. Notem como será improdutiva esta possível assessoria. Estes novos contratados estariam ocupando o CC 1, que paga em torno de R$ 1.800,00. Sem fazer qualquer desmerecimento, tenho a impressão que seria difícil encontrar alguém que justificasse a qualificação de assessor legislativo com esses valores e a carga horária.
Bancada
Outra proposta é a contratação de assessor por bancada com CC 3, que paga por volta de R$ 4 mil por mês. São quatro bancadas, portanto seriam quatro novas contratações. Lembrando que a câmara tem um orçamento anual de até 7% do orçamento municipal, que neste ano é de R$ 162 milhões, porém depois de intensa discussão e adaptações nos últimos anos não se gastou mais do que 4%. Importante lembrar que, antes de ser o orçamento da câmara, é dinheiro público.
Podcast
No podcast “Perondi Sem Roteiro” desta semana tratamos sobre os deslizamentos ocorridos no Bairro Santa Clara e Santo Antão. Entrevistei o presidente da Associação Altos da Santa Clara, Rodrigo Artus, e o geólogo Leandro Petry. A situação dos moradores do Bairro Santa Clara, em especial, casas próximas a onde ocorreu um grande deslizamento em maio do ano passado, corre sérios perigos caso haja chuvas fortes. A associação pede que o Município custeie um estudo geológico que custa em torno de R$ 300 mil. Para ficar claro, somente o referido estudo custa este valor! Segundo o Geólogo Petry, para desenvolver obras de contenção que prometem garantir solução, o investimento pode passar de R$ 15 milhões. Lamentavelmente, ouvi na Câmara um vereador dizendo que bastava uma motosserra e uma retroescavadeira para solucionar o problema. Se não assistiu, o podcast está nas redes sociais do Força do Vale.