Com alta da demanda, retorno do horário de verão volta a ser discutido no setor elétrico
Plano Operacional de 2025 aponta crescimento de 14,1% no consumo até 2029; especialistas consideram reativação do horário de verão como alternativa estratégica

O consumo de energia elétrica no Brasil deve crescer 14,1% até 2029, segundo projeção do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A estimativa consta no Plano da Operação Energética para 2025 e prevê uma média de crescimento anual de 3,4%, elevando a carga nacional a 94,6 gigawatts médios.
O aumento é impulsionado pelo avanço econômico e por mudanças no perfil de consumo, além da ampliação da geração distribuída de energia solar. Até o fim da década, um terço da matriz elétrica brasileira deve vir da energia solar, somando instalações residenciais, comerciais e usinas.
Impactos no sistema e riscos de instabilidade
O crescimento da demanda traz desafios operacionais, principalmente pela intermitência das fontes renováveis, como solar e eólica. Segundo o ONS:
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É necessário garantir energia disponível nos horários críticos, como o fim da tarde, quando a demanda sobe e a geração solar cai.
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Hidrelétricas e termelétricas precisam responder rapidamente para evitar desequilíbrios e custos maiores com acionamento emergencial.
Retorno do horário de verão volta à pauta
Suspenso desde 2019, o horário de verão foi criado para reduzir o consumo no pico do final do dia, adiando o uso da iluminação artificial. Na época, estudos apontaram perda de eficiência da medida, principalmente por causa do aumento do uso de ar-condicionado.
Contudo, com o atual crescimento do consumo e o protagonismo das fontes intermitentes, o tema voltou a ser debatido por especialistas. Apesar de não estar previsto no Plano Energético Nacional, o retorno do horário de verão pode contribuir para aliviar a pressão nos horários de pico durante os meses mais quentes.
Medidas em estudo para garantir estabilidade
O ONS sugere iniciativas para fortalecer o sistema:
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Leilões anuais de potência: para garantir energia instantânea em horários críticos.
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Expansão de usinas flexíveis: como hidrelétricas com reservatórios e termelétricas despacháveis.
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Investimento em simulações e planejamento operacional: para enfrentar cenários adversos.
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Incentivo à autogeração e eficiência energética: como o uso de painéis solares domésticos.
Diversificação da matriz é essencial
Apesar de ter uma matriz elétrica majoritariamente renovável, o Brasil depende de fontes sujeitas a variações climáticas. A operação eficiente requer monitoramento constante e mecanismos de resposta rápida para manter o fornecimento contínuo e seguro.
O setor segue avaliando ajustes e alternativas, como a possível retomada do horário de verão, diante do novo perfil de consumo e da necessidade de equilíbrio entre inovação, segurança e sustentabilidade.