Novas doses de Mounjaro começam a ser vendidas no Brasil por até R$ 3,6 mil
Anvisa liberou versões intermediárias de tirzepatida; medicamento é usado para tratar diabetes tipo 2 e controlar o peso

As versões de 7,5 mg e 10 mg do Mounjaro, medicamento à base de tirzepatida, começaram a ser vendidas nas farmácias brasileiras neste mês. Os preços variam entre R$ 2,6 mil e R$ 3,6 mil por caixa com quatro canetas aplicadoras.
A liberação ocorreu após autorização da Anvisa, que já havia aprovado o remédio em 2023 para tratamento de diabetes tipo 2. Desde junho deste ano, a indicação foi ampliada para incluir obesidade e sobrepeso com comorbidades, o que posiciona o produto como alternativa para controle crônico de peso.
Escalonamento de doses
Até então, apenas as versões de 2,5 mg e 5 mg estavam disponíveis no país. A nova liberação amplia as possibilidades de ajuste do tratamento conforme a resposta de cada paciente.
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2,5 mg: dose inicial, para adaptação do organismo
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5 mg: início do tratamento terapêutico
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7,5 mg e 10 mg: intermediárias, para casos com resposta insuficiente
Nos Estados Unidos e na Europa, o Mounjaro já é vendido também em concentrações de 12,5 mg e 15 mg, ainda sem previsão de chegada ao Brasil.
Lançamento com atraso
A demora na disponibilização das novas doses foi atribuída a três fatores principais:
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Regulação brasileira, que exige avaliação separada para cada concentração;
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Escassez global de incretinas, classe da qual o Mounjaro faz parte;
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Produção limitada, com expansão gradual por parte da farmacêutica Eli Lilly.
Segundo a empresa, foram investidos mais de US$ 50 bilhões desde 2020 para ampliar a capacidade de fabricação.
Como age o medicamento
O Mounjaro atua sobre dois hormônios ligados ao controle do açúcar e do apetite: GIP e GLP-1. Ao ativar esses receptores, o remédio:
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Estimula a liberação de insulina após refeições
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Reduz o apetite, contribuindo para a perda de peso
Esse duplo mecanismo o diferencia de outros medicamentos da mesma classe, como o Ozempic, que age apenas sobre o GLP-1.
Mercado promissor, acesso limitado
Apesar da eficácia e da crescente demanda, o alto custo das novas versões ainda restringe o acesso da população, sobretudo no uso para obesidade — que não é coberto pelo SUS.
Com mais de 10% dos brasileiros adultos com diabetes e 57% com excesso de peso, o país se torna um dos maiores mercados potenciais para terapias desse tipo.